Formas de trabalhar e viver maternas e condições de pré-natal

Publication year: 1999

Este estudo tomou como objetivo as formas de trabalhar e viver das mães de crianças menores de 7 anos e suas condições gestacionais de fortalecimento/desgaste expressas pelo seu ganho de peso e mediadas por sua inserção no atendimento pré-natal.Fundamentando-se na teoria da determinação social do processo saúde-doença e utilizando-se de um modelo teórico hierarquizado centrado na Reprodução Social como categoria de análise, buscou-se apreender as formas de trabalho e vida maternas,através da caracterização dos momentos de produção e consumo. Enquanto subprojeto de uma investigação mais ampla, o estudo teve como população as famílias residentes na área de abrangência do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo.Das 349 famílias, selecionadas através de amostragem casual estratificada proporcional, 80 possuíam crianças menores de 7 anos e constituíram a amostra deste estudo. Considerando o momento da produção, os resultados mostraram que do total de 60%de mães inseridas no trabalho remunerado (setor terciário da economia), as 41,8% absorvidas em atividades de prestação de serviços apresentaram a melhor inerção em relação ao usofruto de benefícios trabalhistas, qualificação do trabalho (40,0%das autônomas e empregadoras), rendimento mensal (13,2 Salários Mínimos), escolaridade (11,8 anos de estudo). Os 25,6% de trabalhadoras no setor dde comércio se distribuíram entre empregadoras e autônomas (27,3%), assalariadas formalmenteinseridas(27,3%) e 45,4% de assalariadas sem registro em carteira apontando uma heterogeneidade não só em sua composição, mas sobretudo em relação à renda e escolaridade. As mães envolvidas nos serviços domésticos (32,6% das inseridas)apresentaram a pior inserção no trabalho (renda média de 2,3 SM e 5,2 anos de estudo). A renda familiar per capita, as condições de trabalho e escolaridade do chefe das famílias reforçaram esses resultados, verificando-se entre as mães ) inseridas no setor de serviços domésticos uma porcentagem significativamente maior (42,9% de famílias chefiadas por mulheres e as condições mais precárias de inserção na produção. O trabalho materno remunerado, enquanto formas detrabalhar da família, influenciou as suas formas de viver (momento de consumo). Isso foi demonstrado pela pior ssituação das empregadas domésticas, e melhor das inseridas no setor de serviços, em relação à infra-estrutura domiciliar (posse etipo de habitação, aglomeração de pessoas num único cômodo para dormir, localização e uso do banheiro), disponibilidade de eletrodomésticos, integração na vida social e exposição à riscos. No grupo das mães inseridas no setor de comércioconcentraram-se, contraditoriamente, a maior porcentagem de proprietários do imóvel e também de propriedaddes invadidas e de barracos, o que se justifica pela heterogeneidade de sua inserção no mercado de trabalho. Observou-se no momento daråeprodução biológica que 9,9% do total das mães não tiveram acesso aassistência pré-natal, sendo que a maior parcela delas estava concentrada (90%) no grupo mais precariamente inserido na produção e no consumo, o das empregadas domésticas.Essas mães mais marginalizadas da produção social, quando excluídas também do atendimento pré-natal apresentaram na gestação ganho de peso significativamente menor que as mães que usufruíram dessa atenção. A partir dos resultados apresentadospode-se inferir que o trabalho materno, enquanto formas de trabalhar da família ao determinar as suas formas viver, contribui para as condições de desgaste materno, aqui expressas no seu ganho de peso gestacional e, medidas pela sua exclusão doatendimento pré-natal. São, todavia, necessários novos estudos transversais de base populacional e amostra equiprobabilística para a comprovação empírica dessa relação, dado os limites do delineamento metodológico deste estudo
The object of this study is the working and living conditions of the mothers of children under 7 years age related to their weight gain and pre-natal care during the gestational period. Taking as a guide the theory of the social determination ofthe health-illness process and utilizing an hierarchyzed theoretical model that takes the social reproduction category as its ceenter, it aimed at understand the working and living conditions from indicators of production and consuption of thefamily. The population study - defined by a larger investigation - was composed by the families living in the assistance area of the University of São Paulo Hospital. Of the 349 families which constitute de larger sample, selected randomly byproportional stratification, 80 had children under 7 years age constituting the sample of this study. Considering the production moment, the results show that of the 60% of working mothers who had wages (tertiary sector of the economy), the41,8% mothers working in services jobs, presented the best working insertion as had benefits, qualification (40% of autonomous and employers), month wage (13,2 minimum wage), education (11,8 years of study). The 25,6% of the commercial workerswere distributed among autonomous and employers (27,3%), formally employed for wages (27,3%) and 45,5% of informally employed by wages. This data points heterogeneity in their composition largely related to income and education. The mothersworking indomestics jobs (32,6% of the working mothers) presented the worst situation (medium income of 2,3 minimum wage and 5,2 years of study). A familiar income per capita, the working conditions and education of the family head reinforcethese results as it was verified that among the mothers working in domestic jobs, a proportion significantly bigger (42,9%) of families headed by women and the worst working conditions. The maternal work with remuneration had influenced their living conditions (consumption moment). This was demonstrated by the worst situation of the domestic employees and the best situation of the mothers working in the other services related to housing infrastructure (possessionand type of the residence, quantity of people living in the same room to sleep, bathroom localization), eletric houseware availability, social life integration and risk exposition. In the group of mothers of the commercial sector was acontradictory concentration both of the house owners and of invaded properties and crude wooden hut. This can be justified because of the heterogeneity in their work conditions. In the moment of the biological reproduction, it was observed that9,9% to the total of the mothrs did not have access to pre-natal care. The major part of them was concetrated (90%0 in the group with the worse production and consuption insertion, the group of domestic workers. These mothers who were moremarginalized from social production, when excluded from pre-natalcare presented during gestational period weigh gain significantly smaller than the mothers who had access to this care. From the presented results we can infer that maternal workcontributes to the wasting maternal conditions, here expressed by the weigh gestational gain and, mediated by pre-natal care exclusion. Taking into consideration the methodological limits of this study design, it is necessary new transversalstudies population based and equiprobabilistic sample to corroborate empirically with this relation