Formação de enfermeiras na cidade de Juiz de Fora: uniformes e identidade na escola de enfermagem Hermantina Beraldo (1947-1978)

Publication year: 2014

Estudo histórico social que teve como objeto os uniformes de alunas usados na Escola de Enfermagem Hermantina Beraldo (EEHB) e sua influência na construção da identidade da enfermeira diplomada na cidade de Juiz de Fora. O recorte temporal tem como marco inicial 1947 e, como marco final, 1978, que correspondem respectivamente aos anos de início do funcionamento e de extinção da EEHB.

Objetivos:

descrever o vestuário usado pelas alunas da EEHB nos primeiros anos de seu funcionamento (1947-1964); analisar as transformações ocorridas nos uniformes da EEHB e suas relações com o panorama sócio-político da época (1965-1978); discutir o significado dos uniformes para a representação da imagem identitária da enfermeira diplomada pela EEHB. As fontes primárias foram documentos orais, escritos e iconográficos. Os documentos orais foram produzidos através do método da História Oral Temática, com vinte oito colaboradores.

Fontes secundárias:

livros, artigos e monografias pertinentes ao tema estudado.

Referencial teórico:

conceito de identidade, do sociólogo Claude Dubar, e de vestuário e seus significados simbólicos, de Roland Barthes.

Resultados:

A EEHB adotou três modelos de uniforme hospitalar e dois de saúde pública: o primeiro uniforme hospitalar (1947 a 1964) foi usado exclusivamente nos campos de prática, era constituído de um vestido branco com acessórios também brancos (touca, sapatos e meias); o primeiro uniforme de saúde pública (1947-1968) era constituído de blusa de manga curta, saia estilo envelope e blazer azul marinho, meias cor da pele e sapatos pretos. O segundo uniforme hospitalar (1965-1968), foi um vestido estilo chemise na cor rosa, sapatos e meias brancos; o uniforme de saúde pública manteve-se o mesmo. Em 1968, a EEHB, passou a receber alunos do sexo masculino e adotou um uniforme constituído de calça ou saia na cor cinza, blusa branca e colete cinza para as mulheres; calça cinza e jaleco branco para os homens, com sapatos e meias na cor branca para ambos, utilizados nos campos de prática (hospitalar e saúde pública). As mudanças nos uniformes relacionaram-se com o contexto sócio-político-cultural da época, especialmente com as transformações nas áreas da educação e saúde, que influenciaram o funcionamento das escolas de enfermagem no país.

Conclusão:

Na EEHB, primeira escola a ser criada nos padrões da Enfermagem Moderna em Juiz de Fora, os uniformes das alunas se configuraram como uma marca importante de reconhecimento da imagem da enfermeira diplomada na cidade. Apesar das dificuldades para manter-se em funcionamento por trinta e um anos, a EEHB utilizou-se de estratégias para a construção da identidade profissional de suas alunas, que incluíam a instituição e manutenção de símbolos e rituais, semelhantes aos de outras escolas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, demonstrando que havia coerência na formação de enfermeiras diplomadas na região sudeste. O uniforme das alunas da EEHB, durante o período de sua existência, representou um objeto de identificação e distinção de suas alunas e enfermeiras nos espaços institucionais e sociais da cidade de Juiz de Fora.(AU)