Avaliação do conforto do cuidador familiar da mulher com câncer de mama avançado

Publication year: 2017

A participação prolongada em atividades de cuidados pode gerar nos cuidadores um efeito negativo sobre a sua saúde física e emocional, que pode ser intensificado com a progressão da doença, a impossibilidade de cura e a aproximação da morte, dificuldades socioeconômicas que podem diminuir o bem-estar/conforto desses cuidadores. Assim, tal estudo teve como objetivo avaliar o conforto do cuidador familiar da mulher com câncer de mama avançado. Trata-se de um estudo transversal, correlacional, realizado no período de julho a outubro de 2016 nos ambulatórios de quimioterapia e radioterapia de uma UNACON, com cuidadores familiares principais de mulheres com câncer de mama avançado, que realizavam tratamento paliativo com quimioterapia e/ou radioterapia. Foi utilizado o questionário General Comfort Questionnaire (GCQ), composto por 49 questões, que foi traduzido e validado para o Brasil por Rezende et al., (2005) para avaliar o conforto de cuidadores. A amostra foi composta por 70 cuidadores familiares principais, que foram convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados e tabulados, por meio da versão 20.0 do programa Statistical Package for the Social Scienses (SPSS). Todos os aspectos éticos e legais referentes à pesquisa com seres humanos foram respeitados, de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Os resultados apontaram que, 77,1% eram do sexo feminino, com faixa etária de idade de 30 a 39 anos (28,6%), 62,9% eram casados ou com união estável, 55,7% possuíam o Ensino Médio Completo e estavam desempregadas, com renda de 1 a 2 salários mínimos (57,1%), 52,9% com 1 a 2 filhos por cuidador. Em relação à análise da escala, verificou-se que a preocupação com a família, com o desconforto físico e emocional da mulher e a necessidade de mais informações acerca da condição da paciente foram os itens que tiveram os menores escores da escala, significando que tais aspectos reduzem a sensação de conforto/bem-estar dos cuidadores.

Já os aspectos que favoreceram o aumento do conforto foram:

a relação entre o cuidador e o ser cuidado, as relações familiares e a espiritualidade. A variável parentesco teve associação estatística com o conforto (p:0,043). Portanto, o questionário utilizado nesta pesquisa permitiu identificar as necessidades de conforto dos cuidadores, bem como os aspectos de cuidados positivos e negativos que podem orientar a construção tanto de intervenções de enfermagem quanto da equipe multiprofissional para esse público. Os aspectos positivos identificados devem ser estimulados e valorizados nos cuidadores, de modo a aumentar a resiliência e reduzir o sofrimento.