Percepção sensorial tátil prejudicada: identificação do fenômeno em grupos predisponentes

Publication year: 2017

Percepção sensorial tátil prejudicada é definida como Alteração ou incapacidade de interpretar estímulos fornecidos em condições ideais que entrem em contato com a superfície corporal do indivíduo, devido a alterações nos receptores táteis cutâneos superficiais e profundos, na condução por fibras nervosas ou na interpretação cerebral dos mesmos. Verifica-se que as alterações sensoriais táteis são referidas, mas a avaliação de sua presença é prejudicada pela falta de procedimentos metodológicos rigorosos que sejam comuns a todas as condições predisponentes à alteração. Reconhece-se que o enfermeiro precisa levar em consideração esse fenômeno para o planejamento do cuidado.

O objetivo do estudo foi caracterizar clinicamente o fenômeno Percepção sensorial tátil prejudicada em pacientes com as seguintes condições predisponentes:

acidente vascular cerebral (AVC), diabetes mellitus (DM), hanseníase e idade avançada. Foi realizado um estudo transversal de abordagem quantitativa, realizado em quatro instituições localizadas em Fortaleza/CE, a saber: unidade de AVC de um hospital terciário, centro especializado de dermatologia, centro integrado de atendimento ao DM e centro de convivência de idosos. A amostra foi composta por 365 participantes. O instrumento para coleta, adaptado do estudo de Morais (2013), contém variáveis sóciodemográficas, sobre hábitos de vida, clínicas e avaliação sobre as modalidades sensoriais táteis. As áreas testadas foram face, mãos e pés. Os dados foram coletados por fonte primária, com entrevista e exame físico, e por fonte secundária pela consulta aos prontuários, no período de outubro de 2014 a agosto de 2015. A análise estatística foi realizada com o apoio do programa IBM® SPSS® versão 21.0 for Windows® e do software R versão 2.12.1. Para verificar a sensibilidade e especificidade das modalidades táteis foi utilizado o modelo de análise de classe latente. A pesquisa foi aprovada em três Comitês de Ética em Pesquisa. Dos participantes 42 tinham AVC, 122 DM, 104 hanseníase e 97 idade avançada. Destes 60% eram do sexo feminino, com idade média de 51,12 (±15,3) anos, procedentes de Fortaleza (66,8%), que viviam com parceiro (52,9%). No que se refere à escolaridade, foi identificada média de 9,42 (±5,22) anos de estudo e renda familiar mensal de 1.986,63 (±1933,55) reais. Quanto aos hábitos de vida, 69,9% não eram tabagistas, 86,3% não ingeriam bebidas alcoólicas e 58,1% não praticavam atividade física. A maioria dos entrevistados era independente em relação às atividades básicas (70,7%) e instrumentais (84,2%) da vida diária. Na análise do modelo final de classe latente para todos os participantes, considerando todas as modalidades sensoriais táteis, Alteração na percepção da textura, Alteração na estereognosia e Extinção de um toque simultâneo foram específicos. Enquanto as modalidades sensoriais táteis Alteração na percepção de toque leve, Alteração na percepção de pressão, Alteração na percepção da localização tátil, Discriminação somatossensorial prejudicada e Alteração na percepção da temperatura foram sensíveis para fenômeno. O fenômeno percepção sensorial tátil prejudicada esteve presente em 32,55% dos participantes investigados no estudo. Conclui-se que o fenômeno Percepção sensorial tátil prejudicada está presente nas quatro condições investigadas, o que compromete a retomada das atividades diárias após o evento agudo (AVC) e aumenta os riscos de desequilíbrios e quedas em todos os grupos. (AU)