Ser saudável na adolescência: a busca de sentidos e implicações nas práticas do cuidado à saúde

Publication year: 2018

Este estudo tem por objetivos analisar as representações sociais de ser saudável construídas por adolescentes, identificar as práticas relacionadas à saúde que os adolescentes definem como representativas de ser saudável, descrever crenças, normas, valores, atitudes que integram as práticas relacionadas a sua saúde à luz destas representações sociais. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa exploratória, tendo como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais, em sua abordagem processual. A produção de dados foi feita com aplicação das técnicas de entrevista individual com roteiro semiestruturado e aplicação do método Photovoice. Participaram 65 adolescentes, com idade entre 12 e 19 anos, moradores do município de Petrópolis, do Estado do Rio de Janeiro.

A coleta de dados se deu em dois momentos:

com realização de entrevista individual em que participaram 50 adolescentes e posterior produção de fotos fundamentada no método “Photovoice”, com 15 adolescentes de ambos os sexos. Em primeiro momento foi realizada, por meio de busca em prontuário na unidade Básica, a seleção dos adolescentes moradores de uma comunidade, com posterior seleção de uma escola do mesmo município para a constituição de dois grupos distintos de adolescentes. Em ambas as captações os adolescentes atenderam aos critérios de participação do estudo. Para a análise dos dados provenientes das entrevistas individuais utilizou-se o software Alceste realizando-se a análise lexical do tipo padrão, seguida de análise categorial dos discursos, pertinente ao método do Photovoice. Os resultados evidenciaram a predominância do sexo masculino representando 51% dos entrevistados na primeira etapa, e 49% do sexo feminino. Já na etapa do Photovoice a predominância foi do sexo feminino (oito) e sete do sexo masculino. Na análise lexical houve o aproveitamento de 81% do corpus distribuídos em três classes. Observa-se que a classe 1 (47%) abarca a dimensão prática da alimentação diária do adolescente e como tais práticas podem influenciar a saúde, sendo nominada de “Percepção de adolescentes sobre a prática alimentar saudável”. As classes 2 (26%) e 3 (27%) que abordam as dimensões 8 afetiva e relacional de estar saudável em diferentes configurações e contextos, foram nominadas “Associação entre a prática de atividade física, sedentarismo e suas consequências à saúde” e “O cuidado de si exercido por adolescente para o viver saudável”, respectivamente. As fotografias produzidas revelam as principais preocupações dos adolescentes com as práticas alimentares e realização de atividades físicas, bem como a preocupação frente ao cuidado de si no que tange aspectos referentes à sexualidade, ao consumo de bebidas alcoólicas e à importância e influências de suas relações sociais. Neste sentido, a aplicação de multitécnicas permitiu aprofundar as dimensões das representações sobre ser saudável, o que faz melhor identificar as percepções e comportamentos dos adolescentes referentes ao objeto em questão. Esta estratégia se mostrou potente para gerar dados de pesquisa, evidenciar representações sociais e, também, gerar material para subsidiar ações de educação em saúde, além de potencializar a participação de adolescentes como protagonista de sua história. No que tange a educação em saúde, criou-se oportunidades para reflexão sobre as ações adotadas por eles e a promoção da saúde, à luz dos sentidos e explicações sobre “ser/estar saudável” na adolescência. Conhecer as representações de adolescentes sobre ser saudável colabora com os profissionais de saúde no realinhamento de suas ações, tendo em vista o cuidado que este grupo populacional requer. (AU)