O sofrimento e espiritualidade de pacientes com câncer em tratamento quimioterápico: sistematização da assistência de enfermagem na dimensão espiritual

Publication year: 2019

Introdução:

O sofrimento dos pacientes com câncer tem múltiplas dimensões e envolve aspectos físicos, sociorrelacionais, espirituais, psicológicos e emocionais. A atuação do enfermeiro nesta área deve, portanto, transcender o simples objetivo de controle dos efeitos tóxicos.

Objetivo:

Desvelar o significado de sofrimento vivenciado por pacientes em tratamento quimioterápico no INCA; identificar as associações existentes entre as Experiências Subjetivas de Sofrimento mensuradas no Inventário IESSD, varáveis clínicas, sociodemográficas e o Coping Religioso/Espiritual adotado pelos participantes por meio da escala CRE-Breve.

Método:

Trata-se de um estudo misto, segundo a estrutura paralela convergente descrita por Creswell, em que os dados quantitativos e qualitativos são coletados simultaneamente, para depois serem comparados com o objetivo de determinar convergências, diferenças e combinações. O presente estudo se baseou em uma amostra de 100 pacientes, dentre os quais, 18 integraram a entrevista qualitativa. Foram incluídos pacientes com indicação de quimioterapia antineoplásica (QTA), boa orientação temporoespacial, ausência de patologia psiquiátrica diagnosticada e boa capacidade cognitiva. Foram excluídos indivíduos com Performance Status maior que 3. Para compreensão do sofrimento, foi utilizado o referencial fenomenológico de Merleau-Ponty.

Resultados:

Da análise qualitativa emergiram 13 categorias temáticas. No que tange aos achados quantitativos, o Sofrimento Global apresentou uma correlação significativa muito fraca e positiva com o CREN. Este estilo de enfrentamento, por sua vez, teve uma correlação significativa muito fraca com o Sofrimento Psicológico, Sofrimento Existencial e Sofrimento Físico. O Sofrimento Global não se correlacionou ao CREP total, e o mesmo apresentou uma correlação significativa negativa com a Experiência Positiva de Sofrimento. A Experiência Positiva de Sofrimento foi dimensão com maiores médias no inventário IESSD, sendo o Sofrimento Sociorrelacional a causa de maior angústia para os pacientes que responderam ao referido instrumento.

Considerações finais:

Foi possível obter, na interpretação final desta investigação, metainferências derivadas da fusão dos dois bancos de dados. Ficou claro que os pacientes nutrem um nível de esperança alto, enquanto realizam o tratamento quimioterápico, independente de seus objetivos e duração. A presença de dor e fadiga aumenta a percepção de sofrimento durante o tratamento, levando a sentimentos de inutilidade e de isolamento social, quando de sua coexistência. Os resultados qualitativos e quantitativos também corroboraram para o entendimento de que os pacientes se encontram mais vulneráveis ao sofrimento no início do tratamento, devido à desinformação, ao medo, aos sinais e sintomas exacerbados da doença, e uma longa jornada para o diagnóstico. Como produto final, foi proposta uma nova intervenção de enfermagem, denominada “Aconselhamento espiritual e emocional”. Esta intervenção é mais específica e derivada da intervenção “Aconselhamento”, já descrita na classificação NIC desde 1992. As atividades sugeridas foram elaboradas a partir dos resultados quantitativos e das categorias fenomenológicas encontradas, contribuindo desta forma, para com uma abordagem diferenciada e sitematizada dirigida à pacientes em QTA

Introduction:

The cancer patients´ suffering has multiple dimensions, and involves physical, social-relational, spiritual, psychological and emotional aspects. The nurse performance in this area should therefore go beyond the simple objective to control the toxic effects of the treatment.

Objective:

To reveal the meaning of the suffering experienced by patients undergoing chemotherapy at the INCA; identify the associations existing among the Subjective Experiences of Suffering measured in the IESSD Inventory, clinical, social-demographical variables and the Religious/Spiritual Coping adopted by the participants using the RSC-Brief Scale.

Method:

This is a mixed study according to the convergent parallel described by Creswell, in which the quantitative and qualitative data are collected simultaneously, being then compared with the aim of determining convergences, differences and combinations. The current study was based on a sample of 100 patients, of which, 18 integrated the qualitative interview. We included patients with indication for chemotherapy, good orientation in time and space, absence of diagnosed psychiatric pathology and good cognitive ability. Individuals with Performance Status greater than 3 were excluded. For understanding the suffering, we used the phenomenological referential of Merleau-Ponty.

Results:

From the qualitative analysis, 13 thematic categories emerged. With regard to the quantitative findings, the Global Suffering presented a significant very weak correlation with NRSC. This coping style, in turn, presented a significant very weak correlation with the Psychological Suffering, Existential Suffering and Physical Suffering. The Global Suffering not correlated with total PRSC; and the same presented a negative significant correlation with the Positive Experience of Suffering. The Positive Experience of Suffering was the dimension with the highest averages in the IESSD inventory, being the Social-Relational Suffering the main distress cause for the patients who responded to this tool.

Final considerations:

It was possible to obtain meta-inferences derived from the fusion of the two database. It became clear that patients foster a high level of hope while submit to chemotherapy, independent of their objectives and duration. The presence of pain and fatigue increase the perception of suffering during the treatment, leading to feelings of uselessness and social isolation when they coexist. The qualitative and quantitative results also corroborated to understand that patients are more vulnerable to the suffering at the beginning of treatment, due to the disinformation, fear, exacerbated signs and symptoms of the disease, and a long journey to the diagnosis. As a final product, a new nursing intervention, called “Spiritual and Emotional Counseling”, was proposed. This intervention is more specific and derived from the "Counseling" intervention, already described in the NIC classification since 1992. The suggested activities were elaborated from the quantitative results and from the phenomenological categories found, thus contributing to a differentiated and systemized approach directed to the patients on antineoplastic chemotherapy

Introducción:

El sufrimiento de los pacientes con cáncer tiene múltiples dimensiones, y implica aspectos físicos, socio-relacionales, espirituales, psicológicos e emocionales. La actuación del enfermero en esta área debe, por lo tanto, trascender el simples objetivo de controle de los efectos tóxicos del tratamiento.

Objetivo:

Desvelar el significado de sufrimiento experimentado por pacientes en tratamiento quimioterápico en el INCA; identificar las asociaciones existentes entre las Experiencias Subjetivas de Sufrimiento mensuradas en el Inventario IESSD, variables clínicas, sociodemográficas y el Coping Religioso/Espiritual adoptado por los participantes a través de la escala CRE-Breve.

Método:

Se trata de un estudio mixto según la estructura paralelo-convergente descrita por Creswell, en que los datos cuantitativos y cualitativos son recogidos simultáneamente, para después ser comparados con el objetivo de determinar convergencias, diferencias y combinaciones. El presente estudio se basó en una muestra de 100 pacientes, entre los cuales, 18 integraron la entrevista cualitativa. Se incluyeron pacientes con indicación de quimioterapia, buena orientación tempo-espacial, ausencia de patología psiquiátrica diagnosticada y buena capacidad cognitiva. Se excluyeron individuos con Performance Status mayor que 3. Para la comprensión del sufrimiento, fue utilizado el referencial fenomenológico de Merleau-Ponty.

Resultados:

Del análisis cualitativo emergieron 13 categorías temáticas. En lo que respecta a los hallados cuantitativos, el Sufrimiento Global presentó una correlación significativa muy débil y positiva con el CREN. Este estilo de enfrentamiento, a su vez, tuve una correlación significativa muy débil con el Sufrimiento Psicológico, Sufrimiento Existencial y Sufrimiento Físico. El Sufrimiento Global no se correlacionó con el CREP total; y el mismo presentó una correlación significativa negativa con la Experiencia Positiva de Sufrimiento. La Experiencia Positiva de Sufrimiento fue la dimensión con mayores medias en el inventario IESSD, siendo el Sufrimiento Socio - relacional la causa de mayor angustia para los pacientes que respondieron al referido instrumento.

Consideraciones finales:

Se pudo obtener en la interpretación final de esta investigación, metainferencias derivadas de la fusión de los dos bancos de datos. Quedó claro que los pacientes nutren un nivel de esperanza alto mientras realizan la quimioterapia, independiente de sus objetivos y duración. La presencia de dolor y fatiga aumentan la percepción de sufrimiento durante el tratamiento, llevando a sentimientos de inutilidad y aislamiento social en cuanto su coexistencia. Los resultados cualitativos y cuantitativos también confirmaron el entendimiento de que los pacientes se encuentran más vulnerables al sufrimiento en el inicio del tratamiento, debido a la desinformación, medo, signos y síntomas exacerbados por la enfermedad, y una longa jornada para el diagnóstico. Como producto final, se propuso una nueva intervención de enfermería, llamada “Asesoramiento Espiritual y Emocional". Esta intervención es más específica y derivada de la intervención "Asesoramiento", ya descrita en la clasificación NIC desde 1992. Las actividades sugeridas fueron elaboradas a partir de los resultados cuantitativos y de las categorías fenomenológicas encontradas, contribuyendo de esta forma a un enfoque diferenciado y sitematizado dirigido a la orientación del pacientes en quimioterapia antineoplásica