Oscarina Saraiva Coelho, nasceu em Floriano, no estado do Piauí, filha de José do Patrocínio Coelho e de Salustiana Saraiva Coelho. Oscarina viveu toda infância e parte da juventude com a família, constituída de seus pais e de quatro irmãos. Como todas as mulheres da época, estava predestinada a assumir os papéis de esposa e mãe e/ou a seguir uma carreira meramente feminina: professora, secretária, enfermeira, dentre outras. Frequentou a Escola Normal, em Teresina, capital do Piauí. Oscarina estudou na Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças, em Recife, capital de Pernanbuco, no período de 1956 a 1959. Decidiu, então, fazer o curso de enfermagem, pois era a única escola que oferecia as condições necessárias, tais como: curso, moradia e alimentação na própria escola, além de dispor de vagas, porque a procura era pequena. Oscarina iniciou sua vida profissional na capital pernambucana atuando em duas instituições hospitalares: no Hospital da Tamarineira, onde substituiu uma enfermeira que estava fazendo um curso fora do Estado, e no Hospital das Clínicas como plantonista no horário noturno. No ano de 1960, Oscarina mudou-se de Recife em busca de sua realização profissional, e chegando em Natal, no dia 07 de março de 1960, onde fixou residência. Se encontrou com o ensino da enfermagem após ir morar em Natal, em que o convite foi realizado por uma colega, Maria Carmélia Albuquerque, substituir a Enfermeira Úrsula Engels, no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) e na Escola de Auxiliares de Enfermagem. Ao chegar em Natal, Oscarina foi imediatamente contratada pela Sociedade de Assistência Hospitalar que era mantenedora da Escola, como professora do Curso de Auxiliar de Enfermagem, assumindo, também, o compromisso de desenvolver atividades como enfermeira no Hospital Miguel Couto. Convém lembrar que, nessa época, ainda predominava no hospital acima referido um trabalho de enfermagem, desenvolvido pelas irmãs de caridade, impregnado da filosofia de amor ao próximo, dedicação e caridade. Assim, mesmo com a presença de enfermeiros diplomados, ainda era perceptível o não reconhecimento delas como profissionais com direitos trabalhistas iguais aos demais trabalhadores. A Escola de Auxiliares de Enfermagem de Natal que havia sido criada sob a administração da Sociedade de Assistência Hospitalar, através da Portaria Ministerial nº 381, de 7 de dezembro de 1955, era mantida por três entidades: o SESP, a Campanha Nacional de Tuberculose (CNT) e pela Sociedade de Assistência Hospitalar (SAH). No ano de 1964, em pleno apogeu da ditadura militar, a Escola foi incorporada à UFRN, possibilitando a sua reestruturação de acomodação física, de equipamentos e materiais, e a reorganização do quadro de professores. Assim, a professora Oscarina foi a primeira enfermeira contratada para o quadro da universidade. Em 1967, Oscarina assume o cargo de Diretora da Escola de Auxiliares de Enfermagem de Natal, dando prosseguimento às atividades de ensino, além de, juntamente com as integrantes do corpo docente da Escola, realizar os encargos de dirigir, organizar, orientar e supervisionar o serviço de enfermagem da Maternidade Escola Januário Cicco e do Hospital das Clínicas. Em 13 de agosto de 1973, foi criado o Curso de Graduação em Enfermagem, com sede em Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, orientado pela Resolução 04/72 e pelo Parecer 162/72, conforme as diretrizes da Reforma Universitária. Assim, o Curso de Graduação em Enfermagem surgiu integrado ao recém‐criado Departamento de Enfermagem da UFRN e teve sua aprovação datada de 1973. Dessa forma, foi destinada ao novo curso toda a infraestrutura da Escola de Auxiliares de Enfermagem de Natal, bem como todo o quadro docente, dentre elas, a professora Oscarina. Vale destacar que nesse período ela encontrava‐se em São Paulo fazendo especialização em Saúde Pública. Ela foi umas das professoras que organizaram o primeiro currículo do primeiro Curso de Graduação em Enfermagem da UFRN de acordo com o Parecer nº 163/72 e a Resolução nº 04/72 do Ministério da Educação, que regulamentava, na época, o currículo mínimo dos cursos de enfermagem. Contaram, ainda, com a assessoria da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), da Escola de Enfermagem “Ana Néri” (UFRJ) e da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Oscarina permaneceu na carreira docente, contribuindo com a formação dos enfermeiros da UFRN até 14 de junho de 1991 quando se aposentou. Todavia, não abandonou a formação dos trabalhadores de enfermagem. Em parceria com as enfermeiras Guiomar Pereira Barreto, Nadir Soares Vila Nova e Maria José Fernandes Torres criou uma Escola técnica‐profissionalizante, denominada Instituto de Educação e Cultura ‐ IEC. Nessa Escola ministrou aulas até o ano de 2010. Hoje, compõe a diretoria do Instituto de Ensino e Cultura. Na década de 1960 em articulação com a ABEn nacional, foi criada a ABEn seção no Rio Grande do Norte (ABEn-RN), na qual Oscarina fez parte da primeira diretoria na condição de secretária. Uma das atividades que ressaltou a frente da ABEn foi a sugestão, levada ao primeiro congresso que participou, da criação de um fundo de apoio para desenvolver os congressos de enfermagem. A participação de Oscarina na organização política da categoria não se restringiu somente a ABEn. E la teve, também, participação decisiva na criação do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte ‐ COREN‐RN assumindo inclusive a sua primeira presidência. Em 2010, por ocasião da comemoração dos 35 anos do COREN‐RN, na Semana Brasileira de Enfermagem, Oscarina foi homenageada. Após sua aposentadoria nunca se desligou da enfermagem, em parceria com três outras colegas, criou uma a Escola técnica‐profissionalizante, denominada Instituto de Educação e Cultura ‐ IEC, na capital do Estado, onde atuava como diretora geral até 2020.