A violência urbana e as repercussões nas ações de cuidado no território da saúde da família

Publication year: 2015

A violência urbana apresenta-se como temática atual nas grandes cidades. O setor saúde passou a priorizar o tema a partir da década de 80 devido ao aumento das taxas de morbimortalidade da população. As equipes da Estratégia de Saúde da Família convivem cotidianamente com essa problemática, pois grande parte das unidades encontram-se localizas em territórios caracterizados por problemas como risco social e tráfico de drogas. Sendo assim, o estudo tem como questão de pesquisa: qual a repercussão da violência urbana sobre as ações de cuidado em saúde de enfermeiros, técnicos de enfermagem e ACS que atuam no território da Saúde da Família no município de Niterói? Objetivou-se conhecer a percepção de enfermeiros, técnicos de enfermagem e ACS que atuam nas unidades de saúde da família de Nova Brasília e Maruí, no município de Niterói – Rio de Janeiro, em relação à violência urbana e sua repercussão nas ações de cuidado; identificar a repercussão da violência urbana nas ações de cuidado de enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde que atuam nas áreas de abrangência da Saúde da Família; descrever as consequências da violência urbana na saúde de enfermeiros, técnicos de enfermagem e ACS que atuam na saúde da família; analisar as estratégias desenvolvidas pelos enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde para o enfrentamento da violência urbana no território da Saúde da Família. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso. A coleta de dados foi realizada em duas unidades do Programa Médico de Família de Niterói. Foram entrevistados 11 profissionais, sendo 3 enfermeiros, 4 técnicos de enfermagem e 4 agentes comunitários de saúde. Após a transcrição das entrevistas, procedeuse a análise de conteúdo para o tratamento dos dados, emergindo as seguintes categorias: O profissional de enfermagem e o agente comunitário de saúde e sua relação com o trabalho no território; Violência urbana versus ações de cuidado em saúde; e Repercussões da violência urbana na saúde dos trabalhadores. Os profissionais percebem a violência urbana presente no território como algo ruim, negativo e que traz impacto para suas ações de cuidado em saúde. Os principais tipos de violência urbana relatados foram tiroteios e confrontos entre policiais e traficantes. Esses eventos impactam nas ações de cuidado realizadas por estes profissionais através do adiamento de consultas e grupos previamente agendados e suspensão das visitas domiciliares. Frente a esses eventos, não foi apontado uma estratégia específica de ação. As ações são pontuais, específicas para aquele momento. Desse modo, a violência urbana repercute em medo e ansiedade nos profissionais, muitas vezes, trazendo consequências para a sua saúde. Portanto, existe a necessidade de discussões sobre a problemática de forma intersetorial e interdisciplinar para que as estratégias elaboradas sejam resolutivas
Urban violence appears as current thematic in big cities. The health sector started to prioritize the theme from the 1980s, due to the increased morbidity and mortality rates of population. The Family Health Strategy teams coexist with this problem in their daily lives, since a large part of the units is located in communities characterized by problems such as social risk and drug dealing. Accordingly, this study has as guiding question: what is the repercussion of urban violence on the health care actions in professionals who work in the territory of the Family Health in the city of Niterói? The objectives were: to know the perception of nurses, nursing technicians and community health workers in relation to urban violence and its repercussion on care actions in the territory of the Family Health in the city of Niterói/Rio de Janeiro; to identify the repercussion of urban violence in the care actions of nurses, nursing technicians and community health workers who work in the areas embraced by the Family Health in the city of Niterói; to describe the consequences of urban violence on the health of nurses, nursing technicians and CHW who work in the Family Health in the city of Niterói; to analyze the strategies developed by nurses, nursing technicians and community health workers to cope with violence in the territory of the Family Health. This is a research with qualitative approach, typified as case study. Data collection was conducted in two units of the Family Doctor Program in Niterói. 11 professionals were interviewed, with three nurses, four nursing technicians and four community health workers. After transcribing the interviews, there was a content analysis, in order to process data, which gave rise to the following categories: Nursing professionals and community health workers and their relationship with the work in the territory; Urban violence versus care actions in the territory; Consolidation of urban violence in the territory and methods of operation of professionals; and Repercussions of urban violence on the health of workers. The professionals perceive urban violence present in the territory as something bad, negative and that brings impact to their health care actions. The main types of urban violence reported were shootings and confrontations between policemen and drug dealers. These events produce impacts on the care actions conducted by these professionals through the cancellation of previously scheduled consultations and groups and suspension of home visits. Against such events, there is not a specific strategy to be taken; the actions are eventual, specific to that moment. Thus, urban violence is reflected in fear and anxiety among professionals, which often brings consequences for their health statuses. Therefore, there is a need to constantly discuss this problem in an intersectoral and interdisciplinary way so that the elaborated strategies become effective