A Educação em saúde na formação do enfermeiro: um espaço emancipatório

Publication year: 2017

Trata-se de um estudo sobre a “A Educação em Saúde como prática pedagógica dinamizadora de um espaço emancipatório no processo de ensino-aprendizagem do enfermeiro em formação”. A tese defendida é que a prática da Educação em Saúde pelo discente em enfermagem no seu processo de aprendizagem proporciona condições para ampliar sua reflexão sobre a razão corporificada no conhecimento, na linguagem e na ação conduzindo-o a exercitar seu poder de argumentação e crítica, expressa no planejamento integrado às coletividades que se apoiam nas disciplinas do currículo do curso.

Os objetivos da pesquisa foram:

Descrever as experiências dos discentes sobre as práticas da Educação em Saúde desenvolvidas no Curso de Graduação em Enfermagem; Analisar as práticas da Educação em Saúde desenvolvidas pelos discentes na disciplina Estágio Supervisionado Integralizador – I, do curso de graduação em Enfermagem; e Discutir a contribuição da Educação em Saúde como prática pedagógica para a autonomia do discente desenvolvidas na disciplina ESI-I. Trata-se de um pesquisa qualitativa, com abordagem exploratória, descritiva, com utilização do método da pesquisa-ação e da técnica de pesquisa observação participante. A tese encontra suporte teórico nas contribuições na teoria do Agir Comunicativo de Jürgen Habermas, especificamente nos conceitos de “Mundo da Vida”, “emancipação” e “ação comunicativa”. A pesquisa foi desenvolvida na Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy – UNIGRANRIO, unidade Barra da Tijuca e na Clínica da Saúde da Família Padre José de Azevedo Tiúba, localizada em Jacarepaguá. Os participantes da pesquisa foram discentes do 9º período do curso de Enfermagem da UNIGRANRIO. Os resultados apontam que os participantes eram predominantemente do gênero feminino, com uma maior concentração de alunos na faixa etária entre 18-28 anos, solteiros e sem filhos, provenientes da região Sudeste do país. A maioria possuía vínculo empregatício e era oriunda de instituições públicas do ensino fundamental e médio. Destes, 100% cursavam a primeira graduação e 52,63% já possuíam curso técnico em Enfermagem. As estratégias de ensino que mais impactaram ao longo da graduação nas práticas de Educação em Saúde foram simulação realística e estudo de caso. As práticas de Educação em Saúde desenvolvidas na disciplina ESI-I foram retratadas neste trabalho. Os resultados foram analisados em duas dimensões. Na “Educação em Saúde no mundo das ideias dos discentes”, observamos, no seguimento do currículo, expresso pela ação discente em campo prático, um distanciamento entre a Educação em Saúde realizada e a pretendida. Talvez, pelas demandas de ações teóricas e práticas envoltas nas ações instrumentais dos docentes. Na “Emancipação pelas práticas de Educação em Saúde”, o protagonismo do discente no processo de ensinoaprendizagem o leva a compreender a dimensão comunicativa da Educação em Saúde. Em um primeiro momento, a Educação em Saúde não era vista pelos educandos como uma prática pedagógica. No entanto, houve uma mudança neste conceito por parte dos sujeitos a partir da apropriação de saberes, proporcionada pela emancipação dos alunos no processo ensinoaprendizagem. Depreende-se que a Educação em Saúde torna-se uma prática pedagógica quando, no processo de elaboração e aplicação da ação Educativa em Saúde, esta é capaz de promover o protagonismo e a emancipação do aluno no papel de educador – da comunidade e de si mesmo. Contudo, os achados sinalizam um distanciamento no aporte teórico-prático em algumas disciplinas do currículo e uma consequente necessidade de mudança na gestão educacional na área de Educação em Saúde no sentido de o docente promover um espaço emancipatório de aprendizagem para o discente.(AU)