Fazer viver ou deixar morrer? Interfaces da biopolítica contemporânea

Hist. enferm., Rev. eletronica; 5 (1), 2014
Publication year: 2014

Discute-se as relações entre vida e morte destacando-se as demandas em torno do processo demorrer que emergiram nos últimos anos. Para as discussões, utilizou-se os conceitos de biopoder ede governo, proposto por Michel Foucault, seguido das contribuições atuais de Nikolas Rose.Dentre as mudanças observadas ao longo do último século e mais especificamente ao longo dosúltimos anos, destaca-se a emergência de um outro modo de cuidar e governar os sujeitos noprocesso de morrer. Os moribundos, que anteriormente eram escamoteados dos discursos dosprofissionais da saúde passam a ter visibilidade, especialmente, a partir da invenção dos cuidadospaliativos. Por outro lado, identifica-se a dificuldade em abordar a morte como um evento“natural” ou efetivar o “deixar morrer”, tendo em vista os investimentos nas tecnologias duras emoleculares sobre o corpo. Esses investimentos transmitem a sensação de que é possível governaro fim, decidir sobre as possibilidades de intervenção, refutando a morte e prolongando o existir.Conclui-se que a medicina contemporânea, juntamente com as estratégias políticas dispostas peloEstado se articulam, pondo em prática outros modos de morrer e de viver, os quais constituemsujeitos que são convocados a participar e intervir nas decisões relativas aos seus corpos.