O vivido de moradores em serviços residenciais: possibilidades terapêuticas para reabilitação psicossocial
The living experience of residents in residential services: therapeutic possibilities for psychosocial rehabilitation

Ciênc. cuid. saúde; 13 (1), 2014
Publication year: 2014

Este estudo objetivou compreender o vivido de moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos. Trata-se de pesquisa qualitativa realizada com nove sujeitos, egressos de instituições psiquiátricas em Teresina. Os discursos foram obtidos por meio de entrevista durante o período de dezembro de 2010 a janeiro de 2011. Na análise utilizaram-se os conceitos de ser-com e curiosidade, do filósofo Martim Heidegger. Os discursos apontaram o significado do vivido como liberdade e interpretados como curiosidade. A liberdade significada pelo cuidar da moradia, de ir ao cinema, viajar, estudar. A curiosidade desvelada quando o morador tem a possibilidade de conhecer o novo que vem ao seu encontro. Deste modo, os passeios, o cuidar da casa, fazer compras e cuidar de si trazem uma lógica de cuidado almejada pela reforma psiquiátrica que permite a reinserção social, o direito à cidadania e autonomia. A liberdade e a curiosidade produzem estímulos à compreensão e à superação dos longos períodos de internação psiquiátrica, possibilitando novos processos de subjetivação para além dos muros manicomiais.
This study aimed to understand the living experience of residents in Residential Therapeutic Services. This was a qualitative study involving nine individuals who had been treated in psychiatric institutions in Teresina. The speeches were obtained through interviews between December of 2010 and January of 2011. The analysis used the concepts of being-with and curiosity, from the philosopher Martin Heidegger. The speeches showed freedom as the meaning of living and were interpreted as curiosity. Freedom was related with taking care of the living space, going to the movies, traveling, studying. Curiosity was unveiled when the resident has the possibility of knowing the new that comes his way. Thus, the walking, housekeeping, shopping, and self-caring bring a longed caring logic through the psychiatric reform that allows for social reinsertion, and citizenship and autonomy rights. Freedom and curiosity produce stimuli for the understanding and overcoming long periods of psychiatrichospitalization, enabling new processes of subjectivation beyond the walls of psychiatric wards