Construção identitária do enfermeiro diante do processo de distresse moral em um centro de terapia intensiva
Construcción identitaria del enfermero anteel proceso de angustiamoral en un centro de cuidados intensivos
Nurses identity construction in the face of the moral distress process in an intensive care unit

REME rev. min. enferm; 24 (), 2020
Publication year: 2020

RESUMO Objetivo:

compreender a construção identitária do enfermeiro diante do processo de distresse moral, na perspectiva de enfermeiros intensivistas.

Métodos:

estudo qualitativo, descritivo, interpretativo e analítico, desenvolvido em 2016 em um centro de terapia intensiva de um hospital universitário. Participaram da pesquisa 12 enfermeiros do turno diurno. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas orientadas por roteiro semiestruturado e os dados foram submetidos à análise temática de conteúdo.

Resultados:

na perspectiva dos enfermeiros, a relação entre a configuração identitária e o distresse moral se deu mediante vivências de situações no cotidiano do trabalho no CTI que os impedem de exercer a prática conforme acreditam ser o modo correto, tais como: o modelo assistencial de organização do trabalho; o desenvolvimento de atividades técnico-assistenciais em detrimento da gestão do cuidado; o trabalho mais mecânico do que intelectual; o não pertencimento à equipe de saúde; e aspectos organizacionais como as escalas de trabalho intensas, o relacionamento com a coordenação e as dificuldades em implantação de melhorias no processo de trabalho.

Considerações Finais:

concluiu-se que o trabalho do enfermeiro é permeado por vivências de problemas morais que influenciam na construção identitária e no seu compromisso ético em prestar o cuidado que julga ser o adequado ao paciente crítico. Isso porque a identidade constrói-se a partir da percepção de si e do seu trabalho e é influenciada pelos relacionamentos interpessoais, pela organização do trabalho e suas vivências no cotidiano.

RESUMEN Objetivo:

comprender la construcción identitaria del enfermero ante el proceso de angustia moral, desde la perspectiva del enfermero de cuidados intensivos.

Método:

estudio cualitativo, descriptivo, interpretativo y analítico, llevado a cabo en 2016 en el centro de cuidados intensivos de un hospital universitario. En la investigación participaron 12 enfermeros del turno diurno. La recogida de datos se realizó mediante entrevistas semiestructuradas; los datos fueron sometidos a análisis de contenido temático.

Resultados:

desde la perspectiva de los enfermeros, la relación entre la configuración identitaria y la angustia moral se dio a través de vivencias de situaciones en el día a día de trabajo en la UCI pues sienten que no pueden ejercer la práctica de la forma que consideran ser más correcta, tales como: el modelo asistencial de organización del trabajo; el desarrollo de actividades técnicas y asistenciales en vez de gestión del cuidado; trabajo más mecánico que intelectual; no pertenecer al equipo de salud; y aspectos organizativos como horarios de trabajo intensos, la relación con la coordinación y las dificultades para implementar mejoras en el proceso de trabajo.

Conclusión:

el trabajo del enfermero está impregnado de vivencias de problemas morales que inciden en la construcción identitaria y en su compromiso ético para brindar los cuidados que estiman oportunos para el paciente crítico. Esto se debe a que la identidad se construye a partir de la percepción de uno mismo y de su trabajo y está influenciada por las relaciones interpersonales, la organización del trabajo y sus vivencias diarias.

ABSTRACT Objective:

to understand nurses' identity construction in the face of the moral distress process, from the perspective of intensive care nurses.

Methods:

qualitative, descriptive, interpretive and analytical study, developed in 2016 in an intensive care center of a university hospital. Twelve nurses from the day shift participated in the research. Data collection took place through interviews guided by a semi-structured script and the data were submitted to thematic content analysis.

Results:

from the nurses' perspective, the relationship between the identity configuration and moral distress occurred through experiences of situations in the daily work at the ICU that prevent them from exercising the practice as they believe it is the correct way, such as: the model of care of work organization; the development of technical-assistance activities to the detriment of care management; work more mechanically than intellectually; not belonging to the health team; and organizational aspects such as intense work schedules, the relationship with coordination and difficulties in implementing improvements in the work process.

Final Considerations:

it was concluded that the nurse's work is permeated by experiences of moral problems that influence the construction of identity and their ethical commitment to provide the care that they deem appropriate for critical patients. This is because identity is built from the perception of oneself and one's work and is influenced by interpersonal relationships, the organization of work and their daily experiences.