Megaesôfago e megacólon na doença de Chagas: classificação de casos e possibilidades de atuação da atenção primária à saúde
Megaesophagus and megacolon in Chagas disease: classification of cases and possibilities of action in primary health care

Rev. APS; 24 (Supl 1), 2021
Publication year: 2021

Objetivos:

classificar pacientes chagásicos com a forma digestiva da doença associando com variáveis demográficas, clínicas e de utilização de serviços de saúde, além de analisar as possibilidades de atuação da Atenção Primária à Saúde (APS) no manejo e acompanhamento dos casos.

Casuística e métodos:

estudo transversal com base em dados secundários provenientes de prontuários. Foram utilizadas as classificações do megaesôfago e do megacólon propostas por Rezende (1982) e Silva (2013), respectivamente.

Resultados:

Foram analisados 156 prontuários, sendo 94 (60,2%) relativos a megaesôfagos, 29 (18,6%) a megacólons e 29 (18,6%) a ambas as formas clínicas. O maior número de internações (p=0,02; OR=3,71) e de dias internados (p<0,01; OR=3,30) foi associado aos pacientes classificados nos grupos III e IV de megaesôfago. Em relação ao sexo masculino (p=0,02), o maior número de internações (p<0,0001) e de dias internados (p<0,0001) foi associado aos pacientes classificados no grau III de megacólon.

Conclusões:

Concluiu-se que a APS possui papel importante na diminuição da sobrecarga dos serviços de média e alta complexidade com o acompanhamento dos casos estáveis e menos graves e que a melhoria da qualidade de vida dos pacientes chagásicos é um efeito direto que pode ser esperado do protagonismo da APS neste cuidado.

Objectives:

To classify chagasic patients with the digestive form of the disease, associating with demographic, clinical, and use of health services variables, in addition to analyzing the possibilities of Primary Health Care (PHC) acting in the management and follow-up of cases.

Casuistry and Methods:

A cross-sectional study based on secondary data from medical records was conducted. We used the classification of megaesophagus and megacolon proposed by Rezende (1982) and Silva (2013), respectively.

Results:

156 medical records were analyzed: 94 (60.2%) related to megaesophagus, 29 (18.6%) to megacolon, and 29 (18.6%) with both clinical forms. The highest number of hospitalizations (p=0.02; OR=3.71) and days hospitalized (p<0.01; OR=3.30) were associated with patients classified in groups III and IV with megaesophagus. Male gender (p=0.02), more hospitalizations (p=0.0001), and more days in the hospital (p=0.0001) were all linked to patients classified as having gradeIII megacolon.

Conclusions:

We concluded that PHC has an important role in reducing the burden of medium and high-complexity services with the monitoring of stable and less severe cases. It also demonstrated the direct effect of PHC protagonism on the improvement of chagasic patients’ quality of life.