Hospitalizações de crianças indígenas por causas sensíveis à atenção primária nos distritos sanitários especiais indígenas
Hospitalizations of indigenous children for ambulatory care-sensitive conditions in brazilian indigenous health districts
Hospitalizaciones de niños indígenas por causas sensibles a la atención primaria en distritos de salud indígena en Brasil

Enferm. foco (Brasília); 16 (supl.1), 2025
Publication year: 2025

Objetivo:

Descrever as ocorrências de hospitalizações de crianças indígenas (< 5 anos) causadas por condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde segundo Distritos Sanitários Especiais Indígenas, no período de 2011 a 2019.

Métodos:

Os dados foram recuperados no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), incluindo internações de crianças menores de 5 anos de idade identificadas como indígenas e registradas entre os anos de 2011 e 2019 (antes da pandemia de Covid-19). Os locais de residência foram compatibilizados com base nas malhas geográficas dos municípios e Distritos Indígenas. As internações foram agrupadas segundo causas sensíveis à Atenção Primária e as taxas calculadas com base na população de crianças residentes nas terras indígenas.

Resultados:

Foram recuperadas 46.384 internações (média 5.154/ano). Do total, 73,2% foram classificadas como sensíveis à Atenção Primária (112 por mil, no período). A maior parte das internações ocorreu em DSEI das regiões Norte (44,7%) e Centro-Oeste (31,3%). No Distrito Kaiapó do Pará, 91,2% das internações ocorreram por causas sensíveis. A menor frequência foi observada no Distrito Médio Rio Solimões e Afluentes (42,4%). Quase todas as internações sensíveis à Atenção Primária estavam ligadas às gastroenterites e pneumonias bacterianas (81,1%).

Conclusão:

Apesar da redução das internações de crianças por causas evitáveis no Brasil como um todo, as ocorrências se mostraram elevadas nos Distritos Indígenas. A realidade sanitária e material das comunidades indígenas se reflete nas elevadas taxas por agravos sensíveis aos cuidados primários. As elevadas magnitudes entre os povos indígenas, anunciam barreiras contundentes quando analisadas em contextos de diversidade étnica e geográfica. (AU)

Objective:

To describe the occurrences of hospitalizations of indigenous children (< 5 years old) caused by Ambulatory Care-Sensitive Conditions according to Indigenous Health Districts (units that are part of the Brazilian Health System), from 2011 to 2019.

Methods:

Data were retrieved from the Brazilian Hospital Information System (from Public Health System), including hospitalizations of children under 5 years of age identified as indigenous and registered between 2011 and 2019 (before the Covid-19 pandemic). Places of residence were matched based on the geographic grids of municipalities and Indigenous Districts. Hospitalizations were grouped according to ambulatory care-sensitive conditions and rates calculated based on the population of children living in indigenous lands.

Results:

A total of 46,384 hospitalizations were retrieved (average 5,154/year). Of the total, 73.2% were classified as ambulatory care-sensitive conditions (112 per thousand in the period). Most hospitalizations occurred in the North (44.7%) and Central-West (31.3%) regions. In the ‘Kaiapó do Pará’ District, 91.2% of hospitalizations were due to sensitive causes. The lowest frequency was observed in the ‘Médio Rio Solimões e Afluentes’ District (42.4%). Almost all ambulatory care-sensitive hospitalizations were linked to gastroenteritis and bacterial pneumonia (81.1%).

Conclusion:

Despite the reduction in hospitalizations of children due to preventable causes in Brazil as a whole, the occurrences were high in the Indigenous Districts. The health and material reality of indigenous communities is reflected in the high rates of primary care-sensitive diseases. The high rates among indigenous peoples reveal significant barriers when analyzed in contexts of ethnic and geographic diversity. (AU)

Objetivo:

Describir la incidencia de hospitalizaciones de niños indígenas (<5 años) causadas por afecciones sensibles a la Atención Primaria de Salud (ICASAP), según los Distritos Sanitarios Especiales Indígenas (DSEI), de 2011 a 2019.

Métodos:

Se obtuvieron datos del Sistema Integrado de Información Hospitalaria (SIH/SUS), incluyendo las hospitalizaciones de niños menores de 5 años identificados como indígenas y registradas entre 2011 y 2019 (antes de la pandemia de COVID-19). Se compararon los lugares de residencia con base en las cuadrículas geográficas de municipios y distritos indígenas. Las hospitalizaciones se agruparon según causas sensibles a la Atención Primaria de Salud y se calcularon las tasas con base en la población infantil residente en tierras indígenas.

Resultados:

Se recuperaron 46.384 hospitalizaciones (promedio de 5.154/año). Del total, el 73,2% se clasificaron como sensibles a la Atención Primaria (112 por mil en el período). La mayoría de las hospitalizaciones se produjeron en los DSEI de las regiones Norte (44,7%) y Centro-Oeste (31,3%). En el distrito de Kaiapó, Pará, el 91,2% de las hospitalizaciones se debieron a causas sensibles. La menor frecuencia se observó en el distrito del río Solimões Medio y sus afluentes (42,4%). Casi todas las hospitalizaciones sensibles a la atención primaria se relacionaron con gastroenteritis y neumonía bacteriana (81,1%).

Conclusión:

A pesar de la reducción de las hospitalizaciones de niños por causas prevenibles en Brasil en general, la incidencia fue alta en los distritos indígenas. La realidad sanitaria y material de las comunidades indígenas se refleja en las altas tasas de enfermedades que requieren atención primaria. Estas altas tasas entre los pueblos indígenas revelan importantes barreras cuando se analizan en contextos de diversidad étnica y geográfica. (AU)