A probelmática familiar e a morte materna

Ciênc. cuid. saúde; 5 (supl), 2006
Publication year: 2006

O objetivo deste trabalho foi investigar o impacto da mortalidade materna no âmbito familiar, o respeito ao direito à saúde e a eficiência da assistência pré-natal na assistência à saúde da mulher. Trata-se de pesquisaqualitativa, com emprego da adaptação de dois pressupostos teóricos: os de Imogene King, os quais estãocentrados no cuidado e na saúde dos indivíduos e grupos, e a associação aos cinco passos utilizados por Hill eHansen, os quais estão voltados para a atenção à maternidade centrada na família, para uma estrutura socialda família, para a interação dos membros com a comunidade dos quais poderiam dar subsídios para umamelhor compreensão dessa problemática. A amostra foi composta de 9 famílias de mulheres que tiveram óbitosmaternos diretos no período de 1990 a 1997. A morte da mulher no momento do parto e a dúvida quanto àculpabilidade pelo evento transformam os sentimentos em uma dor que não diminui com o passar do tempo. Os viúvos entrevistados haviam perdido suas mulheres entre um e sete anos; no entanto, independentemente dotempo transcorrido os sentimentos eram os mesmos, de dor, de saudade, de falta. A emoção no momento daentrevista era a mesma, o choro, o desespero, a angústia. O tempo não apagou esses sentimentos quepermanecem vivos, e apenas precisam ser tocados para virem à tona. Para as famílias, a dor da perda vemsobrecarregada de sentimento de revolta e da constatação da desigualdade e do descaso no atendimento. Sentem-se menosprezadas, incompreendidas, impotentes frente à injustiça da morte e do atendimento recebido.