Quando a higiene se torna pública: saúde e estado
Cogitare enferm; 10 (1), 2005
Publication year: 2005
O objetivo deste trabalho é analisar a formação dos primeiros conceitos sobre a higiene como forma de planejamento em saúde pelo setor público e a utilização desta concepção como instrumento de estruturação da sociedade. A procura pelas sociedades humanas de soluções para os problemas sanitários que as assolavam nos faz refletir sobre a combinação bem-sucedida que explica a decisão que tornou a saúde não somente pública, mas estatal e nacional. Esta reflexão é permeada por idéias e interesses onde encontramos marcadamente a preocupação com a higiene e sua transformação em um conjunto de normas particulares e coletivas, objetivando o controle das doenças e a melhoria da vida em sociedade. Ao longo da história, os maiores problemas de saúde que os seres humanos enfrentaram estiveram relacionados com a natureza da vida comunitária. A ênfase relativa sobre cada problema da vida em sociedade (provisão de água e comidas puras, alívio do desamparo, melhoria do ambiente físico, entre outros) variou no tempo e de sua inter-relação se originou s Saúde Pública. Saneamento e habitação, limpeza e religiosidade, doença e comunidade são evidências encontradas, como preocupação coletiva, nas mais antigas civilizações. No decorrer de longos períodos da História, crenças e práticas religiosas avizinhavam limpeza e religiosidade. As pessoas se mantinham limpas para se apresentarem puras aos olhos dos deuses, e não por razões higiênicas, tal qual a concepção moderna desse conceito. Em cada época histórica é po0ssível relacionar o conceito de higiene com o conceito cultural e filosófico presente, situação que pretendemos aprofundar no presente trabalho, correlacionando contextos com a utilização da higiene enquanto caminho da civilização e prática social