A atenção ao parto como espaço de poder
Acta paul. enferm; 17 (3), 2004
Publication year: 2004
O artigo resulta de uma reflexão teórica, a partir de referencial bibliográfico específico e das experiências das autoras na prática da enfermagem obstétrica. Trata-se da tentativa de estabelecer vinculação entre as relações de gênero e poder e a atenção ao parto, no contexto dos serviços da saúde. Discute como se estabeleceu a supremacia do saber médico na obstetrícia, subjugando o conhecimento empírico de gerações de mulheres sobre gravidez e o parto, incluindo os saberes e fazeres espontâneos, praticados pela solidariedade das mulheres. Apresenta aspectso da institucionalização da assistência ao parto e da hegemonia da medicina e da supremacia do profissional médico sobre os demais profissionais e o poder oriundo das relações entre os agentes de atenção ao parto no ambiente institucional. Para a reflexão pretendida buscou-se fundamentação em autores dedicados ao estudo da história da obstetrícia e nas questões de gênero de relações de poder, enquanto característica inerente às relações sociais. O parto cirúrgico, responsável por índices alarmantes no Brasil, é analisado como mais uma forma de submissão das mulheres. Comenta-se ainda a inserção da enfermeira obstetra nesse contexto. Contribuíram também nesta construção, aspectos importantes das experiências das autoras, enquanto mulheres e enfermeiras, cujas práticas revisitadas ao sabor da inquietação proporcionada pela temática, pelo que ela tem de vibrante e atual.