Compreendendo o ser da pessoa com câncer: suas posturas e possibilidades existenciais
Understanding the be of the person with cancer: his postures and existential possibilities
Comprendiendo el ser con cáncer: sus posturas y posibilidades existenciales

Rev. eletrônica enferm; 10 (3), 2008
Publication year: 2008

O número expressivo de pessoas que buscam as instituições de saúde para o tratamento do câncer nos leva a assumir uma postura reflexiva em relação à forma com que vêm sendo cuidadas pelos profissionais de saúde. O desenvolvimento deste estudo teve como propósito desvelar o significado de ser-com-câncer para pacientes oncológicos, buscando compreendê-los nesse vivenciar e vislumbrando a descoberta de novos caminhos para o cuidado a essas pessoas. Sustentando-me no entendimento de que somente as pessoas que experimentam a situação de adoecer com câncer são capazes de transmitir o sentido e o significado do que estão vivendo, optei pela metodologia da pesquisa qualitativa ? modalidade fenomenológica, baseada no referencial filosófico de Edmund Husserl. Foram realizadas entrevistas junto a onze pacientes internados em uma instituição de saúde especializada no tratamento do câncer, localizada em Goiânia ? GO. Todos os pacientes eram adultos e estavam conscientes do diagnóstico. Apropriei-me de algumas idéias da ontologia existencial de Martin Heidegger para melhor desenvolver a análise dos dados. Pude apreender que o câncer mostra-se ao Ser que vive essa situação de doença como uma experiência difícil, saturada de sofrimento e dor. O recebimento do diagnóstico revelou-se como um dos piores momentos para o paciente, quando vivencia, dentre outros sentimentos, a angústia diante do desconhecido e o medo da morte. Ao aproximar-me do mundo-vida dessas pessoas, percebi o quanto o câncer, enquanto realidade na vida do Ser, pode afetar tanto sua autopercepção e seu comportamento, quanto suas relações sociais. A partir do momento em que o Ser se depara com a realidade de existir com uma doença grave, diversos projetos existenciais tendem a ser anulados ou modificados pela situação vivida. Ao se depararem com a necessidade de conviver com um problema de saúde grave, as pessoas buscam, em muitos casos, formas de enfrentamento que diferem daquelas oferecidas pela medicina convencional, dentre estas se destacam as práticas baseadas no saber popular e a religiosidade. A presença de pessoas significativas, como familiares e amigos, foi considerada importante pelos que vivenciam o estar doente. Desvelar o significado de existir com câncer possibilitou-me a compreensão do vivido pela pessoa, sinalizando para a necessidade de discutir sentimentos, compartilhar suas dores, tristezas e preocupações. O cuidado a essas pessoas implica em desenvolver a sensibilidade de olhar o Ser como alguém dotado de consciência da situação em que se encontra e que necessita de cuidados direcionados para sua singularidade.
The expressive number of people in health care institutions for cancer treatment leads us to assume a reflective attitude in relation to the way it is being treated by health care professionals. The purpose of the development of this research was to unveil the meaning of being-with-cancer for oncologic patients, trying to understand them in this experience and trying to find new ways to take care of these people. Based on the insight that only people who have actually gone through the experience of suffering from cancer are able to transmit the meaning and the importance of what they have been experiencing, I opted for the methodology of qualitative research ? phenomenological modality based on the philosophical reference of Edmund Husserl. Interviews were conducted with eleven patients interned in a health care institution specialized in cancer treatment, located in Goiânia ? GO. All the patients were adults and aware of the diagnosis. I adopted some ideas of Martin Heidegger?s existential ontology to better develop data analysis. I could understand that cancer shows itself to the Being who lives this situation as a difficult experience, saturated with suffering and pain. Receiving the diagnosis revealed itself as one of the worst moments for the patient, as an experience, among other feelings, the anguish of the unknown and fear of death. Approaching the world of these people?s lives, I noticed how much cancer, as a reality in the being?s life, can affect both their self-perception and behaviour as well as their social relations. From the moment on in which the Being is confronted with the reality of living with a severe disease, several existential projects tend to be cancelled or modified. Being confronted with the necessity of living with a severe health problem, people in many cases search ways of facing this which differ from the ways offered by conventional medicine; among these stand out the practices based on popular knowledge and religiosity. The presence of significant people, such as relatives and friends, were considered important by those who experienced being sick. To unveil the meaning of living with cancer allowed me a comprehension of what the person was experiencing, signalling the need for discussing feelings, and sharing his/her pains, sadness, and worries. Taking care of these people implies developing the sensibility of seeing the Being as someone given the gift of awareness of the situation he finds himself in and as someone who needs care directed to his singularity.
El número expresivo de personas que buscan las instituciones de salud para el tratamiento de cáncer nos lleva asumir una actitud reflexiva respecto de la manera como están siendo cuidadas por los profesionales de salud. El desarrollo de esta investigación tuvo como propósito desvelar el significado de ser-con-cáncer para los pacientes oncológicos, intentando entenderlos en esta experiencia e intentando encontrar nuevas maneras de cuidar de estas personas. Basado en la visión que sólo personas que realmente han pasado por la experiencia de padecer el cáncer pueden transmitir el significado y la importancia de lo que ellos han experimentando, yo opté por la metodología de investigación cualitativa - la modalidad fenomenológica basada en la referencia filosófica de Edmund Husserl. Fueran realizadas entrevistas con once pacientes internados en una institución de salud especializada en el tratamiento de cáncer, localizada en Goiânia - GO. Todos los pacientes eran adultos y estaban conscientes del diagnóstico. Yo adopté algunas ideas de la ontología existencial de Martin Heidegger para mejor desarrollar los análisis de los datos. Yo pude aprehender que el cáncer se muestra al Ser que vive esta situación como una experiencia difícil, saturada con sufrir y dolor. El recibimiento del diagnóstico se reveló como uno de los peores momentos para el paciente, cuando vivencia, entre otros sentimientos, la angustia delante el desconocido y miedo de la muerte. Acercándose el mundo-vida de estas personas, yo noté cuánto el cáncer, como una realidad en la vida del Ser, puede afectar tanto su auto-percepción y su comportamiento, así como sus relaciones sociales. Del momento en que el Ser se confronta con la realidad de vivir con una enfermedad severa, varios proyectos existenciales tienden a ser anulados o modificados pela situación vivida. Confrontándose con la necesidad de vivir con un problema de salud severa, las personas buscan, en muchos casos, maneras de enfrentamiento que difieren de las maneras ofrecidas por la medicina convencional; entre éstos se destacan las prácticas basadas en el conocimiento popular y religiosidad. La presencia de personas significativas, como los parientes y amigos, fue considerada importante por aquéllos que vivenciaron el estar enfermo. Desvelar el significado de vivir con el cáncer me permitió una comprensión del vivido por la persona, señalando la necesidad de discutir los sentimientos, y compartiendo sus dolores, tristezas, y preocupaciones. El cuidado a estas personas implica en desarrollar la sensibilidad de ver al Ser como alguien dotado de conciencia de la situación en que se encuentra e que necesita cuidados orientados para su singularidad.