O uso de analgesia farmacológica influencia no desfecho de parto?
Does the use of pharmacological analgesia influence childbirth outcomes?

Acta Paul. Enferm. (Online); 30 (5), 2017
Publication year: 2017

Resumo Objetivo:

Investigar associação entre analgesia farmacológica e desfechos do parto.

Métodos:

Estudo transversal que utilizou amostra representativa dos partos realizados em 2013, em uma maternidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram incluídos dados de 978 partos, excluindo-se as cesarianas eletivas. A exposição principal foi o uso de analgesia farmacológica durante o trabalho de parto e o desfecho classificado como parto vaginal, vaginal instrumentalizado e cesariana. Verificou-se a associação entre analgesia e os desfechos do parto por meio de regressão logística multinominal para obter as estimativas de Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de 95% de confiança, e o modelo final foi ajustado por idade da mulher, número de partos anteriores, presença de acompanhante ou doula e dilatação cervical no momento da analgesia.

Resultados:

Do total de nascimentos, 87,1% foram vaginais e 12,9% cesariana. A prevalência do uso de analgesia farmacológica foi 34,2% e do parto instrumentalizado de 8,4%. Cerca de 70% das mulheres tiveram gestação de risco habitual. Mesmo após ajuste por confundidores, o uso da analgesia aumentou em 3,5 vezes a chance de parto instrumentalizado (p<0,0001) e para as mulheres com gestação de alto risco esse aumento foi ainda superior (OR=4,62; p<0,0001). Não houve associação do uso da analgesia com a cesariana (p=0,320).

Conclusão:

O uso de analgesia farmacológica modifica o desfecho do parto, aumentando as chances de parto instrumentalizado, principalmente em mulheres com gravidez de alto risco. Nesse contexto considera-se importante orientar as mulheres quanto aos potenciais riscos e benefícios da analgesia para uma escolha segura.

Abstract Objective:

To investigate the association between pharmacological analgesia and childbirth outcomes.

Methods:

A cross-sectional study using a representative sample of childbirth performed in 2013, at a maternity hospital in Belo Horizonte, Minas Gerais. Data from 978 childbirths were included, excluding elective cesareans. The main exposure was the use of pharmacological analgesia during labor, with the outcome classified as vaginal, instrumental vaginal, or cesarean delivery. The association between analgesia and childbirth outcomes was assessed using multinomial logistic regression to obtain Odds Ratio (OR) estimates with their respective 95% confidence intervals. The final model was adjusted for the woman's age, number of previous births, presence of companion or doula, and cervical dilatation at the time of analgesia.

Results:

Among the total number of births, 87.1% were vaginal and 12.9% were cesarean. The prevalence of the use of pharmacological analgesia was 34.2%, and delivery with instrumentation was 8.4%. About 70% of the women had a normal risk pregnancy. Even after adjusting for confounding variables, the use of analgesia increased the chance of delivery with instrumentation by 3.5 times (p<0.0001); for women with high-risk pregnancies, this increase was even higher (OR=4.62; p<0.0001). There was no association between analgesia and cesarean section (p=0.320).

Conclusion:

The use of pharmacological analgesia modifies the outcome of childbirth, increasing the chances of delivery with instrumentation, especially in women with high-risk pregnancies. In this context, it is important to guide women about the potential risks and benefits of analgesia so they may make a safe choice.