Esquizofrenia refratária: prevalência de síndrome metabólica e qualidade de vida de pacientes em uso de clozapina

Publication year: 2015

INTRODUÇÃO:

Esquizofrenia refratária é uma condição na qual não há melhora dos principais sintomas da esquizofrenia, após o tratamento com dois antipsicóticos de classes diferentes, em doses adequadas, durante um determinado período de tempo. Cerca de 30% das pessoas com esquizofrenia são consideradas refratárias. O principal tratamento para esses pacientes é o uso do antipsicótico clozapina. Pessoas que possuem esquizofrenia apresentam um risco aumentado para alterações metabólicas, comparado ao da população geral. Além disso, sua qualidade de vida (QV) pode estar prejudicada. QV está relacionada com o bem-estar subjetivo e inclui componentes biológicos e psicológicos. A importância da avaliação da QV, em pessoas que possuem esquizofrenia, tornou-se mais proeminente, tendo em vista que a recuperação dos pacientes também inclui a sua reintegração na família, ambiente de trabalho e vida social.

OBJETIVO:

Analisar os fatores associados à síndrome metabólica e à QV em pacientes com esquizofrenia refratária em uso de clozapina.

MÉTODOS:

estudo epidemiológico de delineamento transversal e analítico. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos, comportamentais, antropométricos e bioquímicos. Para a mensuração da QV foi utilizada a escala Quality of Life Scale (QLS-BR), específica para pacientes com esquizofrenia e validada no Brasil. A SM foi definida de acordo com os critérios propostos pela NCEP-ATPIII com modificação realizada pela American Heart Association (AHA). Foi realizada análise descritiva, por meio de frequências absolutas e relativas, univariada e multivariada (regressão logística binária), sendo adotado um nível de significância de 5% (p<0,05).

Resultados:

observou-se prevalência de SM em 47,2% da amostra, com predomínio entre as mulheres (58,8%). Pacientes com a síndrome apresentaram percentuais mais elevados de alterações, em todos os componentes. O uso de quatro ou mais medicamentos, sobrepeso e obesidade indicaram associação significativa com a ocorrência de SM. Pacientes com a síndrome apresentaram um histórico de menos internações psiquiátricas, comparados àqueles que não a possui. A QV apresentou-se comprometida, com maior prejuízo no domínio rede social. A prática de atividade física, renda familiar acima de três salários mínimos e possuir filhos mostraram-se como fatores associados a uma melhor QV na análise multivariada. A presença de SM não apontou associação com a QV.

CONCLUSÃO:

A prevalência de SM foi elevada entre pessoas com esquizofrenia refratária em uso de clozapina. Essa taxa pode ser considerada um valioso indicador, sendo sugerida a construção de estratégias de prevenção primária das alterações metabólicas. Além disso, sugere-se que esses pacientes sejam continuamente monitorados, principalmente em relação aos componentes da SM. A avaliação da QV nesses pacientes, também, pode auxiliar no delineamento de cuidados e políticas, bem como na mensuração dos efeitos do tratamento

INTRODUCTION:

Refractory schizophrenia is a condition in which there is no improvement of the main schizophrenia symptoms after treatment with two antipsychotics of distinct classes, in adequate doses, during a certain time period. Close to 30% of individuals with schizophrenia are considered refractory. The main treatment for these patients is the use of antipsychotic clozapine. In addition, their quality of life can be affected. Quality of life (QL) is related to subjective welfare and includes biological and psychological components. The importance of evaluating the QL of individuals with schizophrenia has become prominent, given that patient recovery also includes his/her reintegration into the family, working environment and social life.

OBJECTIVE:

Analyze the factors associated with metabolic syndrome (MS) and quality of life (QL) in patients with refractory schizophrenia using clozapine.

METHODS:

epidemiological study with transversal and analytical design. We collected sociodemographic, clinical, behavioral, anthropometric and biochemical data. For measuring QL, we used the Quality of Life Scale (QLS-BR), specific for patients with schizophrenia and validated in Brazil. MS was defined according to criteria proposed by NCEP-ATPIII with modifications made by the American Heart Association (AHA). We conducted descriptive analysis by means of absolute and relative frequencies, univariate and multivariate (binary logistic regression), adopting a significance level of 5% (p<0.05).

RESULTS:

we verified the prevalence of MS in 47.2% of the sample, with predominance between women (58.8%). Patients with the syndrome presented higher percentage of changes in all components. The use of four or more medications, overweight and obesity indicated significant association with the occurrence of MS. These patients also presented history of less psychiatric hospitalizations when compared to those with no syndrome. Quality of life was shown to be compromised in all factors and items of the QLS-BR. The practice of physical activity, family income of above three minimum wages and having children were factors associated to a better QL, considering the multivariate analysis. The presence of MS showed no association.

CONCLUSION:

The prevalence of MS was elevated in patients with refractory schizophrenia taking clozapine. This rate can be considered a valuable indicator of health and suggested the construction of primary prevention strategies of metabolic changes. We suggest building strategies for primary prevention of the metabolic changes. We also this patient be continuously monitored regarding his/her clinical issues, especially concerning the MS components. The evaluation of QL of these patients can also aid in designing care and policies, as well as measuring the effects of treatment