Análise dos atendimentos a vítimas de acidente de transporte terrestre realizados em um hospital público de grande porte
Publication year: 2019
O trauma está entre as dez principais causas de óbito no mundo. Dentre os tipos de trauma, os acidentes de transporte terrestre (ATT) são responsáveis pelo impacto no padrão de adoecimento e morte da população, sendo muitas vítimas jovens. Por se tratar de um agravo agudo e potencialmente grave, demanda atendimento imediato e de alta complexidade. Conhecer os resultados dos atendimentos realizados desde a chegada ao pronto-socorro até a alta hospitalar pode contribuir para o serviço repensar fluxos e qualidade da assistência com o intuito de aumentar a resolubilidade e melhorar os desfechos dos atendimentos. O estudo teve por objetivo analisar os atendimentos a vítimas de acidente de transporte terrestre realizados em um hospital público de grande porte. Trata-se de estudo transversal, que analisou 431 pacientes adultos vítimas de ATT, submetidos a classificação de risco (CR) e internados na instituição no ano de 2016. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, do acidente, do atendimento no pronto-socorro e desfecho hospitalar.
Os resultados foram analisados em dois grupos:
‘PS’: internados no pronto-socorro e ‘UI’: internados nas unidades de internação. Os dados foram submetidos à análise descritiva. A comparação dos grupos ‘PS’ e ‘UI’ entre as variáveis foi feita pelo teste Mann-Whitney para as variáveis contínuas. As diferenças entre as proporções foram testadas pelo teste Qui-quadrado de Pearson e Teste exato de Fisher. Valores de p<0,05 foram considerados significativos. Predominou o sexo masculino (81,9%), que vive sem companheiro (a) (80,0%) e faixa etária entre 20 a 40 anos (66,6%). O fluxograma mais acessado na CR foi ‘Grande Traumatismo’ (56,9%) no grupo ‘UI’ e Quedas (66,7%) no grupo ‘PS’ (p=0,0022) e o nível de prioridade clínica mais frequente foi laranja/muito urgente (78,4%). Os tempos entre o registro e a CR e duração da CR apresentaram mediana de 2,88 minutos (IQ=1,63-5,32), 1,32 minutos (IQ=1,02-1,77) respectivamente. O motivo de atendimento foi relacionado a acidentes com motocicletas (68,5%) seguido por atropelamentos (13,2%). Quanto ao tipo de lesão, a categoria ‘sem lesão aparente’ foi mais frequente no grupo ‘PS’ (56,7%) (p-valor=0,0032). No grupo ‘UI’ prevaleceu as fraturas abertas (86,7%) (p-valor<0,001) e fraturas de ossos longos (100,0%) (p-valor<0,0001). As regiões corpóreas mais atingidas foram os membros superiores no grupo ‘PS’ (53,9%) (p-valor<0,001) e inferiores (64,3%) no grupo ‘UI’ (p-valor=0,004). O tempo de permanência hospitalar apresentou mediana de 1,38 (IQ=0,86-2,36) dias para o grupo ‘PS’ e 7,15 (IQ=3,5-12,86) dias no grupo ‘UI’. A maioria (89,8%) recebeu alta hospitalar. A análise dos atendimentos possibilitou identificar que a instituição cumpre seu papel na Rede de Atenção às Urgências ao realizar o primeiro atendimento aos pacientes vítimas de ATT. A assistência imediata ocorreu em tempo hábil, o que possibilitou atender às necessidades do usuário em âmbito agudo e a terapêutica hospitalar oferecida pode ter contribuído para a sobrevivência desses pacientes.(AU)
Trauma is one of the top ten causes of death in the world. Among the types of trauma, land transport accidents (LTA) impact illness patterns and mortality, mostly of young victims. Trauma is an acute and potentially serious injury, thus demands immediate care and of high complexity. Knowledge about the outcomes of services rendered in emergency care until hospital discharge can contribute to the reassessment of patient turnout and quality of care delivered, which in turn increases resolubility and improvement of healthcare services. The objective of this study was to analyze the care provided to victims of land transport accidents in a large public hospital. This study is a cross-sectional study which analyzed 431 adult LTA victims who underwent risk classification (RC) and hospitalized in 2016. Sociodemographic variables related to accident, emergency room care and hospital outcome were analyzed considering two groups: 'PS': hospitalized in emergency room and 'IU': admitted in hospital. Also, descriptive analysis of the variables was done. The variables of the 'PS' and 'UI' group were compared using the Mann-Whitney test for continuous variables. Differences between proportions were tested by Pearson's Chi-square test and Fisher's exact test. P values <0.05 were considered significant. The subjects were predominantly male (81.9%), lived without a partner (80.0%) and between 20 and 40 years (66.6%). Major trauma accounted for 56.9% of RC in the UI group while falls (66.7%) was the most frequent for the 'PS' group (p = 0.0022). Also, the most common clinical priority level was orange/very urgent (78.4%). The median time between registering, RC and duration of RC was 2.88 minutes (IQ = 1.63-5.32), 1.32 minutes (IQ = 1.02-1.77), respectively. Motorcycle accidents (68.5%) followed by road accidents (13.2%) were the most common reasons for the use of urgent care units Regarding type of injury, the 'no apparent injury' category was more frequent in the 'PS' group (56.7%) (p-value = 0.0032). In the 'UI' group, open fractures (86.7%) (p-value <0.001) and long bone fractures (100.0%) (p-value <0.0001) prevailed. The most affected body regions were the upper limbs in the 'PS' group (53.9%) (p-value <0.001) and lower limb (64.3%) in the 'UI' group (p-value = 0.004). The median duration of hospital stay was 1.38 (IQ = 0.86-2.36) days for the 'PS' group and 7.15 (IQ = 3.5-12.86) days for the 'UI' group. Majority (89.8%) of the patients were discharged. The analysis of the healthcare services provided by the institution indicates its role in offering emergency care services to LTA victims. The immediate assistance offered in a timely manner contributed to meeting the needs of the user in an acute situation; moreover the therapy provided by the hospital may have contributed to the survival of these patients(AU)