Publication year: 2019
Introdução:
A mortalidade infantil (MI) é um indicador de iniquidades em saúde e possui etiologia multifatorial. Os determinantes relacionados às mortes infantis apontam para circunstâncias de fragilidades socioeconômicas, disparidades no acesso e na assistência à saúde. O local de ocorrência do óbito, que pode ocorrer em hospitais ou fora deles, é uma das situações que sinaliza para características de fragilidades. Assim, é fundamental a compreensão da cadeia de eventos que possa desencadear as mortes em subgrupos populacionais. Objetivo:
Analisar os determinantes dos óbitos infantis hospitalares e não hospitalares nos municípios do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Metodologia:
Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, de análise de dados secundários. Foram utilizados dados dos bancos de mortalidade e nascimento do Ministério da Saúde, entre os anos de 2009 e 2014. Foram analisadas variáveis demográficas, socioeconômicas, biológicas e assistenciais de pré-natal, parto e nascimento. Para a análise de associação da ocorrência de óbito infantil hospitalar e não hospitalar com as variáveis do estudo foi realizada regressão logística tendo como medida de associação o odds ratio. Também foi realizada análise de tendência de mortalidade infantil através do modelo de regressão logística mista com efeitos aleatórios. Resultados:
No período do estudo foram analisados 54.319 nascidos vivos dos quais 849 foram a óbito no primeiro ano de vida. Os resultados apontaram uma predominância de óbitos no período neonatal precoce em hospitais e os óbitos pós-neonatais foram mais prevalentes fora dos hospitais. No modelo final, as crianças que nasceram prematuras, com baixo peso ao nascer e apgar menor que sete no quinto minuto de vida apresentaram associação significativa com o óbito infantil hospitalar e não hospitalar. Crianças cujas mães possuíam menos que sete anos de estudo e residiam em regiões de maior vulnerabilidade social apresentaram maior chance de morrer fora dos hospitais. Ademais, filhos de mães que não possuíam companheiro, que realizaram até seis consultas de pré-natal, crianças do sexo masculino, com algum tipo de anomalia, apgar menor que sete no primeiro minuto de vida, foram determinantes significativos somente para a ocorrência de óbito infantil hospitalar. Na análise de tendência observou-se que os óbitos tenderam a diminuir com o tempo, mas não foi significativo o decrescimento no período do estudo. Conclusão:
Os determinantes dos óbitos ocorridos em ambiente hospitalar e no não hospitalar possuem algumas diferenças, apesar de ambos estarem associados à situações de vulnerabilidade social e falhas de assistência à saúde. É preciso melhorar as ações direcionadas a vigilância em saúde.(AU)
Introduction:
Infant mortality (MI) is an indicator of health inequities and has a multifactorial etiology. The determinants related to child deaths point to circumstances of socioeconomic fragility, disparities in access and health care. The place of death, which may occur in or outside hospitals, is one of the situations that signals the characteristics of fragility. Thus, understanding the chain of events that can trigger deaths in population subgroups is critical. Objective:
To Analyze the determinants of infant and non hospital deaths in the municipalities of Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Methodology:
This is a crossectional, retrospective study with secondary data analysis. Data from the mortality and birth banks of the Ministry of Health, between 2009 and 2014 years, were used. Demographic, socioeconomic and biological variables of pre-natal, childbirth and birth were analyzed. For The analysis of the association between the occurrence of infant and non hospital deaths with the study variables, logistic regression was performed with the odds ratio as a measure of association. A trend analysis of infant mortality was Also performed through the mixed logistic regression model with random effects. Results:
In The study period 54,319 live births ofwhich 849 died in the first year of life were analyzed. The results showed a predominance of deaths in theearly neonatal period in hospitals and the proportion of infant deaths outside the hospitals was higher inthe post-neonatal period. In the final model, children who were born prematurely, with low birth weight and apgar less than seven in the fifth minute of life presented significant association with hospital and non hospital infant death. Children whose mothers had less than seven years of schooling and lived in regions of greater social vulnerability had a greater chance of dying outside the hospitals. Moreover, children of mothers who did not have a partner, who made up to six prenatal consultations, male children, with some type of anomaly, apgar less than seven in the first minute of life, were significant determinants only for the occurrence of infant death in hospitals. In the trendanalysis, it was observed that the deaths tended to decrease, but the decrease in the study period was not significant. Conclusion:
The determinants of deaths occurring in hospital and nonhospitalenvironments have some differences despite both being associated with situations of social vulnerability and health care failures. However, it is necessary to better target the actions directed at the reflection on health surveillance.(AU)