Publication year: 1982
Repisando e revendo todos os informes e observações, teremos colhido dados, por meio de entrevista de trezentas (300) mulheres (100 analfabetas, 100 com primário e 100 além do primário) assistidas em hospitais que atendem na grande totalidade, mulheres economicamente desfavorecidas, do Município de São Paulo. Os objetivos deste estudo foram, como grafamos atrás, verificar: as crenças relacionadas com os princípios higiênico-dietéticos da gestação e do puerpério; se existe diferença numérica de crenças entre as mulheres analfabetas, com escolaridade primária e além da escolaridade primária, durante a gestação e o puerpério; os pontos de atrito entre estas crenças e os princípios higiênico-dietético preconizados para a gestante e a puérpera. De acordo com as informações obtidas, foi possível identificar 286 crenças relacionadas com a alimentação e 31 crenças com os hábitos higiênicos.
Foram catalogados três tipos fundamentais de crenças:
positivas, que não trazem nenhum prejuízo à saúde das gestantes e puérperas, podendo, portanto, ser respeitadas, inócuas, que embora não possam ser consideradas positivas, não são prejudiciais á gestante e puérperas e que poderão ser toleradas; negativas, as que prejudicam a saúde da gestante, e que deverão ser substituídas por outros hábitos higiênico-dietéticos, por meio de uma orientação planejada. Constatou-se, efetivamente, que existe diferença numérica de crenças entre as mulheres dos diversos níveis de escolaridade, O número de crenças relacionadas com os "alimentos que devem ser evitados" e com "hábitos de higiene" diminuem à medida que aumenta o grau de escolaridade. Já com relação aos "benefícios da ingestão de alimentos", na gestação e no puerpério, verificou-se que aumenta o número de crenças á medida que aumenta o grau de escolaridade. Podemos, daí, concluir um fato aceito pelo raciocínio lógico, a priori, mas que trouxemos afirmado por dados estatísticos colhidos ao vivo: ser a educação à gestante e à puérpera um esteio seguro para uma maior aproximação da mulher com a medicina científica. Enquanto a "Medicina Folk" fundamenta suas raízes em tempos perdidos nas origens étnicas, mescladas a superstições religiosas e tabus, a medida científica procura aproximar a assistência concedida à mulher, de práticas mais saudáveis e confortáveis e até mais fáceis. Sem invalidar para que o mundo feminino crie confiança no corpo especializado que assiste.