Análise da função do circulante de sala de operações de acordo com a metodologia sistêmica de organização de recursos humanos

Publication year: 1987

O centro cirúrgico tem sido compreendido como um sistema organizado de forma complexa, devido a sua característica especializada e ao alto grau de risco ao qual é submetido o paciente. Neste local, várias equipes de profissionais, técnicos, auxiliares e ocupacionais, trabalham visando como produto final à transformação de um estado patológico sofrido pelo paciente para um estado que lhe proporcione maior bem-estar, sem que para isso seja colocado em situações físicas e emocionais que venham ferir seus direitos como ser humano. Utilizando a Metodologia Sistêmica de Organização de Recursos Humanos, estudou-se o trabalho realizado no desenvolvimento das atividades de enfermagem no centro cirúrgico. Assim, desenvolveu-se a análise do “ser circulante de sala de operações” inserido no macrossistema hospital e dentro do sistema centro cirúrgico. Teve como objetivo central estudar um Modelo de Análise de Função que, definindo as tarefas e analisando seus níveis de complexidade, fornecesse as condições necessárias ao levantamento de dados para mobilizar o estudo de adequação do atendente de enfermagem à função de circulante de sala de operações e, dessa forma, contribuir para o efetivo planejamento de recursos humanos de enfermagem no centro cirúrgico. A análise desenvolvida no Centro Cirúrgico do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostrou que o trabalho exercido pelo circulante de sala de operações envolve ações que incidem principalmente em relação ao desenvolvimento do raciocínio e as variáveis de responsabilidade, notadamente ligadas à conseqüência do erro. Os valores levantados correspondentes à função qualificam-na como de nível profissional, a ser executada pelo enfermeiro, o qual poderá delega-la ao técnico de enfermagem. O atendente foi considerado sem condições de praticá-la. Os dados obtidos refletiram de maneira marcante a natureza do sistema centro cirúrgico que, apesar de altamente complexo tecnologicamente e possuir especificados todos os seus programas, processos e recursos, tem como insumo mais importante o “homem” necessitando de tratamento cirúrgico, a cujas diferenças individuais como ser humano cada ação de enfermagem deve estar ajustada. Deste modo refutou-se a crença, difundida entre os próprios profissionais de saúde, de ser o trabalho do circulante de sala de operações bastante simples, mecanizado, não qualificado e predominantemente impessoal.