Ações para a prevenção e controle da resistência bacteriana em hospitais de grande porte de Minas Gerais
Publication year: 2019
As infecções relacionadas à Assistência à Saúde são eventos adversos que comprometem a segurança dos pacientes. Aproximadamente 70% delas são associadas a microrganismos resistentes aos antibióticos. Mesmo com as recomendações para sua prevenção, as taxas de infecção por bactérias resistentes e sua disseminação continuam alarmantes e podem estar correlacionadas a fatores do contexto organizacional e a não adesão às recomendações das diretrizes nacionais e internacionais. Diante disso, objetivou-se avaliar como tem se dado, na prática clínica dos hospitais de grande porte do Estado de Minas Gerais, a adoção às medidas de prevenção e controle da disseminação da resistência bacteriana. Foi realizado um estudo transversal nos hospitais gerais de grande porte de Minas Gerais, no período de fevereiro de 2018 a abril de 2019. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (CAAE: 30782614.3.0000.5149). A participação das instituições se deu de forma voluntária e, após consentimento do seu responsável legal, realizaram-se entrevistas com gestores, coordenadores do controle de infecções, do núcleo de segurança do paciente, das unidades de internação e das unidades de terapia intensiva. Paralelo às entrevistas, foram observadas as unidades assistenciais dos hospitais quanto à adoção às medidas de prevenção e controle da resistência bacteriana pela equipe multiprofissional, comparando a política e a cultura organizacional da instituição, para o enfrentamento do problema em questão na prática clínica. Foram elegíveis 30 hospitais. Observou-se o predomínio de instituições na macrorregião Centro (43,3%; N=13), não acreditadas (63,3%; N=19) e com nível de complexidade alta-média (60,0%; N=18). O número total de leitos variou entre 348 a 1080. Sobre as ações de prevenção e controle da resistência bacteriana 86,7% (N=26) dos hospitais, utilizavam culturas de vigilância e 73,3% (N=22) adotavam medidas de descolonização; 93,3% (N=28) afirmaram instituir precaução de contato para pacientes portadores de bactérias resistentes e 60,0% (N=18) identificavam tais leitos; 56,7% (N=17) mantinham o paciente em isolamento e 30,0% (N=09) individualizavam os artigos adotados para assistência. No tocante à orientação de antibióticos, 93,3% (N=28) possuíam protocolos para profiláticos e 86,7% (N=26) realizavam auditorias; 86,7% (N=26) para terapêuticos e 83,3% (N=25) executavam auditorias. Evidenciou-se que, em 58,3% (N=35) dos postos de enfermagem, sabão e álcool estavam lado a lado nas pias e que 96,7% (N=58) dos profissionais de saúde das unidades não possuíam álcool em gel em almotolias de bolso. A verificação das condutas das instituições diante da contenção da resistência se deu por meio de um escore que avaliou o hospital quanto à existência de protocolos e auditoria de antibióticos, ao conhecimento dos cinco momentos de higienização das mãos, à identificação das precauções padrão e de contato, o que levou à classificação de 83,3% (N=25) dos hospitais como adesão parcial, 13,3% (N=04) deficiente e 3,4% (N=01) não adotam as medidas de prevenção da resistência bacteriana. As medidas para a contenção da resistência bacteriana não estão consolidadas na prática clínica dos hospitais.(AU)
Health Care Infections are adverse events that compromise patient safety. Approximately 70% of them are associated with antibiotic-resistant microorganisms. Even with recommendations for their prevention, rates of infection by resistant bacteria and their spread remain alarming and may be correlated with organizational context factors and non-adherence to the recommendations of the national and countries. The objective of this study was to evaluate the adoption, in the clinical practice of large hospitals in the State of Minas Gerais, of measures to prevent and control the spread of bacterial resistance. A cross-sectional study was carried out at large general hospitals in Minas Gerais from February 2018 to April 2019. The project was approved by the Ethics and Research Committee of the Federal University of Minas Gerais (CAAE: 30782614.3.0000.5149). Participation of the institutions occurred voluntarily and after the consent of their legal guardian, interviews were conducted with managers, infection control coordinators, the patient safety nucleus, the hospitalization units and the intensive care units. Parallel to the interviews, hospital care units were observed regarding the adoption of measures for prevention and control of bacterial resistance by the multiprofessional team, comparing the institution's policy and organizational culture, in order to address the problem in clinical practice. 30 hospitals were eligible. It was observed the predominance of institutions in the central macro-region (43.3%, N = 13), non-accredited (63.3%, N = 19) and high-medium complexity level (60.0%, N = 18). Regarding the actions of prevention and control of bacterial resistance, 86.7% (N = 26) of the hospitals used surveillance cultures and 73.3% (N = 22) adopted measures of decolonization; 93.3% (N = 28) reported establishing contact precaution for patients with resistant bacteria and 60.0% (N = 18) identified such beds; 56.7% (N = 17) kept the patient in isolation and 30.0% (N = 09) individualized the articles adopted for care. Concerning the orientation of antibiotics, 93.3% (N = 28) had protocols for prophylactics and 86.7% (N = 26) performed audits; 86.7% (N = 26) for therapeutic and 83.3% (N = 25) performed audits. It was evidenced that in 58.3% (N = 35) of the nursing, soap and alcohol stations were side by side in the sinks and that 96.7% (N = 58) of the health professionals of the units did not have gel alcohol in pocket pockets. The verification of the behavior of the institutions against the restraint of resistance occurred through a score that evaluated the hospital for the existence of protocols and audit of antibiotics, knowledge of the five moments of hand hygiene, identification of standard and contact precautions, which led to the classification of 83.3% (N = 25) of the hospitals as partial adherence, 13.3% (N = 04) deficient and 3.4% (N = 01) did not adopt measures of prevention of bacterial resistance, demonstrating that the measures are not adopted integrally in clinical practice.(AU)