Infecção por HIV e sífilis: estudo comparativo entre a prostituição viril e travestida na cidade de São Paulo

Publication year: 1996

Foi realizado um estudo transversal, como etapa inicial de um estudo de coorte, com 233 travestis e 67 michês, recrutados por seus pares em áreas de prostituição da região metropolitana da cidade de São Paulo, que teve por objetivos determinar a prevalência de Sífilis e da infecção por HIV e sua caracterização quanto aos aspectos sócio-demográficos, à atividade sexual, ao uso de drogas, ao conhecimento de AIDS e à prática de sexo seguro entre os prostitutos. A coleta de dados ocorreu no período de janeiro de 1992 a maio de 1994, sendo baseada em entrevista e coleta de sangue. A amostra foi constituída por adultos jovens, de baixa escolaridade, em sua maioria migrantes da região Nordeste e residentes há menos de cinc anos na cidade, que subsistem, praticamente, da atividade de prostituição, exercida há 3,5 anos por michês e há 5,7 por travestis. Os michês referiram mais prática heterossexual e mais sexo anal receptivo do que insertivo, apesar de altos índices de todas as práticas. A referência de uso de drogas injetáveis é abaixo da expectativa para o tipo de população. Os dois grupos referem usar preservativos em apenas 15% das relações com parceiros fixos e em 50% com clientes. Os resultados mostram que a frequência de Sífilis foi de 31,3% e 51,5% e da infecção por HIV de 31,3% e 51,1%, respectivamente em michês e travestis, com 63,1% de HIV(+) entre os VDRL(+) e de 32,1% entre os VDRL(-). Utilizando o método de regressão logística por stepwise foipossível evidenciar como principais variáveis explicativas, entre as testadas, o tempo de prostituição e a presença de sífilis, com odds ratio de 4,27 [2,46-7,40] e 2,85[1,72-474], respectivamente.