Publication year: 1997
O trabalho teve como propósito estudar a dinâmica das transformações da produção da força de trabalho em enfermagem, no nível de terceiro grau, sua articulação com as políticas sociais e com os movimentos que buscam a transformação dos serviços de saúde e da sociedade em geral.
Dois pressupostos fundamentais serviram de referência para a análise:
o primeiro, a suposição de um movimento contra-hegemônico na busca de redefinição do ensino e da prática de enfermagem, entendidos como históricos e socialmente determinados e articulados à produção dos serviços de saúde e ao processo produtivo em geral; o segundo, a crença de que a pós-graduação assume papel decisivo na formação do enfermeiro, uma vez que é nessa instância que se aprofundam a qualificação docente, a produção de conhecimento e o conhecimento tecnológico. A investigação pautou-se numa abordagem qualitativa, tendo como cenário o Programa de Pós-Graduação da Escola de enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pioneiro tanto no ensino de graduação como no de pós-graduação, tendo os cursos de Mestrado e Doutorado como objeto do trabalho de campo. As categorias trabalho, tabralho coletivo em saúde, processo saúde-doença, educação e as interrelações destas com a produção da força de trabalho em enfermagem serviram como suporte teórico para análise. A investigação revelou a coexistência de projetos divergentes quanto à prática da enfermagem no seu conjunto:
de um lado, o gupo que representa umaconcepção hegemônica e conservadora e, de outro, o grupo que defende defende uma concepção baseada na prática social e que busca a construção da contra-hegemonia na enfermagem, concebendo-a como trabalho coletivo em saúde, materializado nos processos: assistir/intervir, ensinar/aprender, gerenciar e investigar.A investigação apontou também a necessidade de mudanças na produção da força de trabalho em enfermagem, a partir do redimensionamento do ) ensino articulado nos três níveis de formação. Constatou-se que a concepção da educação como ato político possibilita a formação de uma consciência crítica e, consequentemente, o desenvolvimento das competências técnico-científica e política como estratégia para a definição de um projeto político para a enfermagem brasileira, com vistas à transformação da produção dos serviços de saúde e da sociedade como um todo