Natureza da lesão e gravidade do trauma segundo qualidade das vítimas de acidentes de trânsito de veículo a motor
Publication year: 1997
Trata-se de um estudo comparativo sobre as possíveis diferenças e/ou particularidades existentes numa população de vítimas de acidente de trânsito de veículo a motor (ocupante de moto, ocupante de auto e pedestre) quanto à natureza da lesão (AIS) e gravidade do trauma (ISS), destacando o valor prognóstico do traumatismo crânio-encefálico (TCE) nessas vítimas. Duzentas e vinte vítimas internadas no HCFMUSP, hospital referência para trauma, no período de Janeiro a Fevereiro de 1995, foram analisadas retrospectivamente, sendo caracterizadas segundo sua qualidade, variáveis importantes do ponto de vista epidemiológico, gravidade da lesão, gravidade do trauma e pela associação entre a gravidade do trauma medida através de índices anatômicos e fisiológicos (ECGI) nas vítimas com TCE. Do total de pacientes internados, 111 eram pedestres, 83 ocupantes de auto e 26 ocupantes de moto. A maioria era do sexo masculino, com idade inferior a 40 anos. Quarenta e cinco vítimas faleceram, sendo dois terços pedestres. Quanto à gravidade das lesões (AIS), verificou-se que lesão leve (AIS1); moderada (AIS2) e grave que não ameaça a vida (AIS3) foram as mais frequentes nos ocupantes de auto, moto e pedestres, respectivamente com 89,89%; 88,26% e 87,97% do total das lesões.
As regiões corpóreas mais atingidas em todas as vítimas foram:
membros ou cintura pélvica e cabeça/pescoço, destacando-se os ocupantes de moto como os mais frequentemente atingidos em membros epedestres na região da cabeça/pescoço. A magnitude do TCE foi evidenciada em 102 casos (46,36% da população), sendo também a região corpórea que sofreu o maior número de lesões graves que ameaçam a vida (AIS>=4), sendo os pedestres os mais gravamente traumatizados. Quanto à gravidade do trauma (ISS), constatou-se que a maioria das vítimas (58,64%) ficou categorizada em trauma leve (ISS>=15); 27,73% trauma moderado (ISS 16-24) e 10,00% trauma grave (ISS>=25). ) Para as vítimas consideradas críticas ISS>=16, os maiores percentuais foram encontrados para os pedestres. A análise estatística mostrou não haver diferença significante na gravidade do trauma entre as vítimas de acidente de trânsito. Já em relação às vítimas com TCE, o número de pacientes críticos ISS>=16 com lesão cerebral em relação àqueles sem essa lesão foi estatisticamente significante. A gravidade do TCE medida pela ECGI também mostrou diferenças significantes em relação à gravidade do mesmo e às três qualidades de vítimas, ou seja, associação entre a maior gravidade do TCE e os pedestres, confirmando a ECGI como um bom indicador prognóstico nas vítimas com TCE, não ocorrendo o mesmo quando avaliadas através do ISS. Houve evidências de associação entre os dois índices (ISS e ECGI) para valores baixos da ISS (1-15) e altos da ECGI (13-15) e valores baixos da ECGI (3-8) e altos da ISS (>=25). Das 45 vítimas que faleceram, 40 (88,89%) apresentaram alguma lesão na região da cabeça, confirmando a importânciaprognóstica dessa lesão em vítimas de acidente de trânsito de veículo a motor.
A comparative study is presented about possible differences and/or characteristics existing in traffic accident victims (car or motorcycle occupants or drivers and pedestrians). The nature (AIS) and severity score of the injury (ISS) are discussed, stressing the prognostic value of the traumatic head injury (TBI). Two-hundred and twenty patients refered to a Trauma Center (Clinical Hospital, University od São Paulo Medical School) from January to February 1995, were characterized retrospectively. They were characterized according to type, significant variables and severity of the injuries and the association between the severity of the injury measured by the anatomic and physiological indexes (CGS) in victims with head injuries. Hospitalized patients included 111 pedestrians, 83 occupants and 26 motorcyclists or passengers. The majority was composed by males under age of 40. Forty-five victims died, two thirds of which were pedestrians. Concerning the severity score of the injuries (AIS), we found that the mild injury (AIS-1); moderate (AIS-2) and severe which is not life threatening (AIS-3) were the most common in the population of the study. The regions most affected were limbs or pelvis and head/neck, with limbs injuries more common among motorcyclists and head/neck injuries more frequent among pedetrians. Head injury was confirmed in 102 (46,36%) of the victims. This was the site displaying the greatest number of severe life-treatning injuries(AIS>=4), with pedestrians the most critically injured. Concerning the severity of the injury (ISS) the majority of the victims (58,64%) showed injuries ISS<=15; moderate injuries (31,36%) ISS 16-24, and (10,00%) critical injuries ISS>=25. For the critically injured ISS>=16 the highest pecentages were displayed by pedestrians. The statistical analysis did not demonstrate any significant differences in the severity of the injuried victims. However, regarding (To Be continued) head injured victims, the number of critically injured patients ISS>=16 with brain injury compared to those without it, was statistically significant. The severity of head injury measured by the Glasgow Coma Scale (GCS) revealed significant differences regarding severity and the three types of victims; the association between severe head injury and the pedestrians, confirms the CGS as good pronostic indicator in head injuries, this is not so when evaluated by the ISS. There was evidence of an association between the two indexes (ISS ans GCS) for low values of ISS (1-15) and high ones of GCS (13-15) and low values of GCS (3-8) and high ones of (ISS>=25). Among the 45 hospitalized victims who died 40 (88,89%) displayed some head injury, confirming the prognostic significance of this injury in traffic accident victims.