Cateterismo vesical intermitente técnica limpa: caracterização da prática vivenciada por um grupo de pacientes
Publication year: 1998
O cateterismo vesical intermitente - técnica limpa, tem sido uma conduta utilizada com sucesso em pacientes com disfunção vésico-esfincteriana. Este estudo teve por finalidade descrever e analisar como esse procedimento tem sido realizado por um grupo de pacientes. Além disso, foi veirficado se as variáveis sexo, faixa etária, grau de instrução, renda, grau de complexidade e satisfação na realização do procedimento guarda relação com a realização do auto cateterismo ou cateterismo pelo cuidador. Os dados foram colhidos por meio de entrevistas realizadas com pacientes e cuidadores, quando estes acompanhavam os pacientes. A amostra populacional foi constituída por 35 pacientes, vinculados a três instituições de reabilitação do município de São Paulo, com idade entre 3 e 66 anos. Os pacientes estavam em programa de cateterismo vesical intermitente - técnica limpa num período que variou de um mês a 14 anos. Foram encontrados como predominantes o sexo masculino; e na etiologia da disfunção vésico-esfincteriana, o trauma raquimedular. O auto-cateterismo era realizado por 54,3%, enquanto 45,7% eram caracterizados por um cuidados. Na descrição do procedimento, foi encontrado que 88,6% lavavam as mãos com água e sabão, e 85% realizavam higiene íntima. O uso de lubrificante hidrossolúvel era predominante nos pacientes do sexo masculino. A maioria dos agentes que executavam o procedimento (71,4%) utilizava contrato direto das mãos com o cateter ao introduzí-lono meato uretral, enquanto 28,6% utilizavam recursos como luvas ou gazes para manipular o cateter. O cateter uretral de plástico era utilizado por 94,3% dos respondentes. O calibre utilizado variava entre 6F e 14F. Não foi encontrada padronização no reprocessamento dos catéteres uretrais, prática citada por 54,3% dos respondentes. a freqüência de caracterizações foi de três a cinco vezes por dia na maioria dos pacientes; 51,4% dos pacientes apresentavam perda ) urinária nos intervalos entre as cateterizações diárias. O procedimento era realizado fora do domicílio por 53,3% dos pacientes. Os respondentes eram capazes de identificar uma possível infecção urinária por meio de alterações nas características da urina. Os enfermeiros foram os profissionais que orientaram a maioria dos pacientes (73,5%). A maioria (88,6%) dos respondentes percebia o procedimento como fácil de ser realizado, e expressaram percepções e sentimentos, sugerindo satisfação (54,3%) ou insatisfação (45,7%), em relação à convivência com o cateterismo vesical intermitente - técnica limpa. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre o grupo de pacientes que realizavam o autocataterismo e o grupo de pacientes cateterizados por um cuidador, em relação à faixa etária: maior freqüência de pacientes adultos e meia-idade (94,7%) no grupo dos que realizavam o autocateterismo, enquanto a maioria de crianças e adolescentes (57,1%) pertencia ao grupo de pacientes cateterizados por um cuidador.
The clean intermittent catheterization has been sucessfully used in patients with neurogenic vesicourethral dysfunction. The aim of this present study is to describe and analyse how this procedure has been doing among a group of patients. Beside this, it was verified that the variation of sex, age, level of instruction, income, complexity level ans satisfaction during the performance of this kind of procedure has any relation to the procedure of self-catheterization and catheterization performed by a caregiver. The data was collected by interviews with patients and caregivers, when these were with patients. The population study consisted of 35 patients, 3 to 66 years old, connected with three reabilitation institutions in Sao Paulo City, who had been using this procedure between one month and 14 years. Most of them were male; and spinal cord injury was the majority cause of neurogenic vesicourethral dysfuncion. Self-catheterization has performed by 54.3%, while 45.7% has performed by a caregiver. Describing their procedures, it was found that 88.6% washed their hands with water and soap, and 85.7% took care of personal hyhiene. Most of male patients used soluble lubrificant. The majority of the procedure agents (71.4%) used their hands without any kind of protection to handle the catheter, while 28.6% used something like gloves or gauze. Plastic urethral catheter was used by 94.3% of those that were interviewed. The size of the catheter ranged from 6F to14F. It was found no pattern of reusing the urethral catheter; procedure performed by 54.3% of those who were interviewed. The frequency of catheterization was 3 to 5 times a day among the majority of the patients. During the catheterization intervals, 51.4% had involuntary loss of urine. The catheterism procedure used to take place out of home by 53.3% of the patients. The interviewed were able to recognize a presumed urinary infection, observing the changing of urine characteristics. The nurses were the professionals to instruct the majority of patients (73.5%) concerning all the procedures. Most of the interviewed (88.6%) perceived the procedure as easy to perform and manifested perceptions and feelings that suggested satisfaction (54.3%) or insatisfaction (45.7%) as they deal with the clean intermitent catheterization. It was not found any significant statistical difference between the groups that is used to do self-catheterism and that used to do by caregivers, concerning sex, instruction level, income, level of complexity and satisfaction during the performance of this kind of procedure. There was a significant difference between the self-catheterization patients and those who were catheterized by caregivers, according to their age: Adults and midle-age patients (94.7%) were among the group of those who perform self-catheterization, while children and teenagers (57.1%) were among the group who were catheterized by caregivers.