Análise microbiológica e capacidade de formação de biofilme bacteriano em cepas de Pseudomonas Aeruginosa e Staphylococcus Aureus encontrados em úlceras venosas tratadas com plasma rico em plaquetas

Publication year: 2018

Este estudo tem como objetivo analisar sinais de infecção nas úlceras venosas tratadas com Plasma Rico em Plaquetas (PRP), identificando a presença de Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa e sua capacidade de formação de biofilme.

Método:

Trata-se de coorte prospectiva tendo como campo de pesquisa o Ambulatório de Reparo de Feridas do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF). Os pacientes foram alocados no grupo em uso do PRP associada a gaze com perolatum e no grupo controle em uso somente da gaze petrolatum pelo estudo de intervenção concomitante a este projeto. Estabeleceu-se a amostra de 36 participantes por grupo. A técnica de coleta de dados foi realizada por meio do exame clínico com dados de identificação do paciente, dados clínicos, descritivos da lesão e coleta do espécime clínico através do swab. A identificação microbiológica foi realizada por meio do MALDI-TOF e o perfil de suscetibilidade foi determinado pelo teste de disco-difusão seguindo os padrões do CLSI. Para a identificação de genes de virulência foi realizado a Reação em Cadeia da Polimerase. A capacidade de formação de biofilme foi analisada na superfície de placas de poliestireno. A Reação em Cadeia da Polimerase em tempo real (qPCR) foi realizada para avaliar a carga quantitativa microbiana das feridas.

Resultados:

Dos 36 pacientes do estudo, 18 foram alocados no grupo intervenção e 18 no grupo controle, deste total, no ínicio do tratamento, 19 pacientes apresentaram infecção na ferida. Foi identificada melhora da infecção na ferida ao final das 12 semanas tratamento no grupo intervenção (p=0,0078) e no grupo controle (p=0,01). Todavia, não foi identificada diferença significativa entre os grupos quando se compara a melhora de infecção intergrupos (PRP ou gaze petrolatum). De um total de 100 amostras oriundas dos swabs, foram encontradas 39 (39%) P. aeruginosa, sendo 22 (22%) do grupo intervenção e 17 (17%) do grupo controle e apenas 10 (10%) S. aureus foram detectados, sendo seis do grupo intervenção e quatro do grupo controle. Nos dois grupos da pesquisa, nas amostras que foram identificadas como P. aeruginosa, o gene exoU foi predominante. Quanto a capacidade de formação de biofilme em placa de microtitulação, todos os S. aureus identificados foram formadores, classificados como fracamente produtores. Com relação as cepas de P. aeruginosa todas foram formadoras, sendo 17 classificadas como fracamente produtoras de biofilme, 14 moderadamente produtoras e 8 fortemente produtoras de biofilme.

Conclusão:

Houve melhora de infecção na ferida nos grupos tratados com PRP e Gaze petrolatum; não houve diferença estatisticamente significante entre os microrganismos (P. aeruginosa e S. aureus) nos dois grupos do estudo acerca de maior resistência a antimicrobianos; os pacientes que possuíam os microrganismos que apresentaram capacidade forte para a formação de biofilme, em sua maioria, não possuíam infecção na ferida tanto no grupo tratado com PRP quanto com gaze petrolatum; não houve relação entre apresentar infecção e possuir maior carga microbiana na ferida em ambos os grupos.
This study aims to analyze the signs of infection in venous ulcers treated with Plaque Rich Plasma (PRP), identifying the presence of Staphylococcus aureus and Pseudomonas aeruginosa and its biofilm formation capacity.

Method:

It is a prospective cohort having as research field the Wound Repair Ambulatory of Antônio Pedro University Hospital (HUAP / UFF). Patients were allocated to the group using PRP associated with gauze with perolatum and in the control group using only gaze petrolatum by the intervention study concomitant to this project. The sample of 36 participants was established by group. The data collection technique was performed through clinical examination with patient identification data, clinical data, descriptive of the lesion and collection of the clinical specimen through the swab. The microbiological identification was performed using MALDI-TOF and the susceptibility profile was determined by the disc-diffusion test following the CLSI standards. For the identification of virulence genes the Polymerase Chain Reaction was carried out. The capacity of biofilm formation was analyzed on the surface of polystyrene plates. The real-time Polymerase Chain Reaction (qPCR) was performed to evaluate the microbial quantitative load of the wounds.

Results:

Of the 36 patients in the study, 18 were allocated in the intervention group and 18 in the control group. Of this total, at the beginning of the treatment, 19 patients presented infection in the wound. Improvement in wound infection at the end of the 12 weeks treatment was identified in the intervention group (p = 0.0078) and in the control group (p = 0.01). However, no significant difference was identified between the groups when comparing improvement of intergroup infection (PRP or gauze petrolatum). From a total of 100 samples from the swabs, 39 (39%) P. aeruginosa were found, 22 (22%) from the intervention group and 17 (17%) from the control group and only 10 (10%) S. aureus were detected, six of the intervention group and four of the control group. In the two groups of the research, in the samples that were identified as P. aeruginosa, the exoU gene was predominant. As for the capacity of biofilm formation in microtiter plate, all identified S. aureus were formers, classified as poorly producing. Regarding the P. aeruginosa strains, all were formative, with 17 being classified as poorly biofilm producers, 14 moderately producing and 8 strongly biofilm producers.

Conclusion:

There was improvement of wound infection in the groups treated with PRP and Gaze petrolatum; there was no statistically significant difference between the microorganisms (P. aeruginosa and S. aureus) in the two groups of the study on greater antimicrobial resistance; patients who had microorganisms that had a strong capacity for biofilm formation did not have infection in the wound either in the PRP or gaze petrolatum group; there was no relation between presenting infection and having greater microbial load on the wound in both groups.