Parturiente e equipe obstétrica: a difícil arte da comunicação
Publication year: 1998
A qualidade da assistência à mulher tem sido objeto de discussões por profissionais da área e autoridades públicas, e em especial à assistência ao parto. Face à literatura e à prática assistencial, é possível questionar os elementos que interferem nos modelos assistenciais à parturiente como o vínculo estabelecido entre o profissional e a mulher, como facilitador na parturição. Este estudo busca descrever como ocorre a comunicação entre os profissionais que assistem ao parto e as mulheres que vivenciam o processo de parturição. Destina-se, ainda, a identificar os signos mais evidentes da comunicação gerados durante os contatos. Foram observadas situações entre os profissionais e as mulheres e realizadas entrevistas com as parturientes em dois hospitais públicos da cidade de São Paulo.
Os dados foram agrupados em duas categorias:
a comunicação terapêutica e a comunicação não terapêutica. Os resultados demonstraram que a qualidade da comunicação é comprometida, pois os profissionais da saúde comumente agem obstruindo a comunicação, impedindo, consequentemente, que a parturiente participe de seu processo de parturição tornamdo-o menos prazeiroso. Observou-se o quanto o espaço territorial era invadido, durante a realização de procedimentos habituais no processo de assistência e que frequentemente, a comunicação não verbal manifestava-se por intermédio de gestos ou tons de voz que desconfirmavam e/ou contrariavam a comunicação verbal, gerando até duplas mensagens.Predomina o tecnicismo, permeado de um baixo grau de sensibilidade e percepção em relação às reais necessidades da parturiente e por vezes a condução do trabalho de parto era a pura execução do procedimento técnico. Ainda, as expectativas da parturiente de receber uma assistência mais disponível e acolhedora, são frustradas diante das atitudes dos profissionais que relegam a comunicação e a tarefa de assistir a parturiente a uma dimensão menos importante ) do processo, gerando o sentimento de desamparo para estas mulheres
The quality of care which is dedicated to pregnant women, specially the assistance to childbith, has long been discussed by area professionals and public authorities. Based on the literature and practical experience available in care-taking, it is possible to ponder the elements interfering in the models of care-taking intended to women in labor, and among these we could highlight a few associated with the relationship established between professionals and women as the facilitating elements in the parturition experience. therefore, this study aims at describing how communication establishes between professionals assisting low-risk childbirth and women experiencing the parturition process. It is also intended to identify the most evident communication signs generated during the various contacts. Several situations in which contacts were stablished between professionals and women have been object of observation at two different public hospitals in the city of São Paulo; interviews have been carried out with a number of women as well. data obtained from this observation and interviews were then divided into two categories, namely: therapeutic communication and non-therapeutic communication. The results show that communication quality is impaired because health professionals often act in a way that hinders communication, therefore precluding patients from actively participating in the parturition process and enjoying it withgreater delight. it was also possible to noticehow frequently and extensively the territorial space of pregnant women and women in labor was trespassed and disrespected as usual procedures in the take-caring process performence. Non-verbal communication was also found frequentely expressed by contradicting and conflicting body movements, gestures or voice intonation that often denied the original verbal communication, potentially resulting in ambigous, double messages. Technicism (To Be Continued) is hegemonic and cause a low level of perception and of sensitiveness with regard to the actual women in labor's needings and in the manegement of labor and childbith which were often the simple execution of technical procedures. As shown by this study, women in labor's expectations, i.e. being more recipient of a more "aviable"and sheltering care-taking, are frustrated by professionals' attitudes which reduce communication and care of those women to a less important and relevant dimension of the process, generating, therefore, an immense feeling of abandon in then