Medida da pressão arterial em locais alternativos: comparação de valores diretos e indiretos em função da largura do manguito

Publication year: 1999

Os objetivos deste trabalho foram (1) comparar valores de pressão arterial sistólica e diastólica obtidos por meio de medidas diretas com aqueles verificados pelo método, ausculatório nas artérias radial, braquial, e tibiais posteriores e (2) estabelecer relações entre os valores registrados intra-arterialmente e os obtidos com os manguitos de largura correta e padrão. A população foi composta por 57 pacientes (21 mulheres e 36 homens), com idades entre 14 e 78 anos, internados em um hospital universitário do interior do Estado de São Paulo, que usavam uma cânula na a. radial para registro invasivo da pressão arterial. A medida indireta foi relizada com estetoscópio duplo pelo autor, responsável pela determinação dos valores auscultados, e uma auxiliar, que registrava os valores intra-arteriais no momento em que ouvia os sons correspondentes às pressões sistólica (fase I de Korotkoff) e diastólica (fase V). A ausculta foi feita com a campânula de um estetoscópio pediátrico. As larguras de manguito mais utilizadas foram 11 cm (36,8%), 10 cm (26,3%), 12 cm (21,1%), 9 cm (8,8%) e 8 e 13 cm (3,5% cada uma). A circunferência dos braços apresentou um valor médio de 27,89 '+ OU -' 2,71 cm. A pressão foi determinada em 77,2% dos pacientes (a. radial), 100% (a. braquial), 66,7% (a. tibial posterior direita) e 59,6% (a. tibial posterior esquerda). O abafamento dos sons só foi definido em 18,2% dos pacientes (a. radial), 50,9% (a. braquial), 13,2% (a. tibialposterior direita) e 14,7% (a. tibial posterior esquerda). Na a. radial, a medida indireta subestimou a pressão sistólica, especialmente quando se usou o manguito padrão, e superestimou a pressão diastólica, principalmente com o manguito correto. O uso do manguito padrão subestimou os valores obtidos pelo método auscultatório. Na a. braquial a medida indireta subestimou a pressão sistólica, particularmente com o manguito padrão. A superstimação da pressão ) diastólica só foi observada com o manguito correto. O uso do manguito padrão provocou a subestimação dos valores auscultados, quando comparados àqueles medidos com o manguito correto. Na a. tibial posterior direita a subestimação da pressão sistólica promovida pela técnica auscultatória não atingiu níveis significativos. A pressão diastólica, entretanto, continuou sendo superestimada, especialmente quando se usou o manguito correto. A subestimação introduzida na medida indireta pelo uso do manguito padrão continuou sendo notada. Na a. tibial posterior esquerda, não houve subestimação dos valores indiretos de pressão sistólica, quando comparados aos valores diretos. A pressào diastólica foi superestimada, principalmente pelo manguito correto. A subestimação da medida indireta provocada pelo manguito padrão só atingiu níveis significativos quando se consideraram os valores da pressão diastólica.
This work aimed (1) to compare direct systolic and diastolic radial blood pressure values to auscultatory values measured at radial, brachial and posterior tibial arteries and (2) to correlate intra-arterial and cuff (correct and standart width) values. The population was composed of 57 patients (21 women and 36 men), 14 to 78 years old, admitted in an university hospital from São Paulo state, Brazil, with a cannula at radial artery to measure intraarterial blood pressure. Indirect measurement was mede with a double stethoscope by the author, responsible by determinating auscultatory values, and an assistant, who registered intraarterial values simultaneous to Korotkoff's phases I and V (systolic and diastolic BP, respectively). Cuff pressure was measured with the bell of a pediatric stethoscope. Correct cuff widths were 11 cm (36.8%), 10 cm (26.3%), 12 cm (21.1%), 8 cm (8.8%) and 8 and 13 cm (3.5% each one). The arm circunference showed a mean of 27.89 '+ OR -' 2.71 cm. Blood pressure was obtained in 77.2% of patients (radial artery), 100% (brachial artery), 66.7% (right posterior tibial artery) and 14.7% (left posterior tibial artery). The comparison between direct and indirect blood pressure values obtained in the radial artery revealed that indirect measurement underestimated systolic blood pressure, specially with standart cuff, and overestimated auscultatory blood pressure values. When this comparison was mede with the values from thebrachial artery, indirect measurements underestimated systolic blood pressure, specially with the standart cuff. Overestimation of diastolic blood pressure was observed only with the cuff of correct width. Standart cuff promoted underestimation of blood pressure values, when compared to correct cuff. The comparison between values obtained in the right posterior tibial artery (indirect) and radial artery (direct) showed that systolic blood pressure underestimation by auscultatory method was not significant. Diastolic blood pressure, however, was still overestimated, specially with the cuff of correct width. Standart cuff promoted, again, underestimation of blood pressure values when compared to correct cuff. When we compared direct values with indirect values measured in the left posterior tibial artery, we noted that systolic blood pressure was not underestimated by auscultation, when compared to direct measurement. Diastolic blood presure was overestimated, mainly by correct cuff. Underestimation of indirect values caused by standart cuff was significant only for diastolic blood pressure.