Publication year: 2019
Introdução:
As atitudes psicológicas das pessoas acometidas por diabetes tipo 2, como tristeza e raiva ou confiança e satisfação em conviver com a condição crônica podem estar relacionadas às características sociodemográficas e ao controle glicêmico. Objetivo:
Associar as atitudes psicológicas de pessoas com diabetes tipo 2 com as características sociodemográficas e o controle glicêmico. Método:
O estudo utilizou o banco de dados da pesquisa intitulada: “Avaliação da efetividade de um programa educativo em diabetes mellitus tipo 2 na Atenção Primária à Saúde”, que avaliou as atitudes psicológicas das pessoas com diabetes tipo 2. Trata-se de ensaio randomizado com cluster, realizado com 278 pessoas com diabetes tipo 2, em 10 Unidades Básicas de Saúde, do município de Divinópolis, Minas Gerais, entre os anos de 2013 e 2016. Cada unidade constituiu um cluster, sendo 5 delas aleatorizadas no grupo intervenção (GI=160) e as restantes, no grupo controle (GC=118). Todos os participantes continuaram recebendo o atendimento convencional oferecido nas unidades e apenas o GI participou do programa educativo, durante 12 meses. Os dados foram coletados por meio de questionário sociodemográfico no tempo inicial e do instrumento de atitudes psicológicas (ATT-19) e exame de hemoglobina glicada (Hb1Ac), nos tempos inicial e final do programa educativo. O programa Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS), versão 20.0 foi utilizado para a realização dos testes estatísticos. As médias do escore de atitudes psicológicas e HbA1c entre GC e GI foram comparadas após término do programa educativo, utilizando o Generalized Estimating Equations Model (GEE). Os coeficientes não padronizados (β) e seus respectivos intervalos de confiança (IC = 95%) foram calculados e apresentados. Para verificar as associações, foi calculado o valor p dos efeitos intragrupos, da interação entre tempo e grupo e da interação entre tempo, grupo e características sociodemográficas/tempo de diabetes. Foi realizada estatística descritiva com tabelas de distribuição de frequência, cálculos de medidas de tendência central e de dispersão. Considerou-se o nível de significância de 5% (p<0,05) para as análises. Resultados:
Os participantes do GI terminaram a intervenção com valores maiores de atitudes psicológicas (β=11,21; IC=95%: 7,4-15,0), quando comparados ao GC. Observou-se valor de p significativo para a interação entre tempo, grupo e escolaridade (p=0,025), o que indica que ter maior escolaridade potencializou o efeito da intervenção, uma vez que a diferença das médias de GC e GI no tempo final foram maiores entre aqueles de maior escolaridade, comparado àqueles de menor escolaridade. Considerando somente os participantes que tiveram evolução positiva dos escores de atitudes psicológicas, verifica-se que houve redução da HbA1c no GI (7,9±0,2 vs. 7,4±0,2, p<0,001) e aumento da HbA1c no GC (7,5±0,2 vs, 7,8±0,2, p=0,044) e participantes do GI apresentaram menores valores de HbA1c no tempo final em relação ao GC (β=-0,9; IC 85%: -1,4; -0,5). Conclusão:
Observou-se que a evolução positiva das atitudes psicológicas entre os participantes do programa educativo esteve associada aos maiores níveis de escolaridade e ao melhor controle glicêmico.(AU)