Que parteira é essa?
Publication year: 1999
A finalidade do estudo foi oferecer elementos para a formulação de propostas de capacitação de profissionais não-médicos - parteiras, enfermeiras obstétricas, obstetrizes ou outros - para assistência ao parto. Para tanto, teve como objetivos identificar quem é a parteira a que se referem os profissionais da área da saúde, quando defendem sua existência, e desvelar os pressupostos ideológicos que buscam justificar a formação dessa profissional. Foi utilizado o método qualitativo, adotando-se a dialética materialista e histórica como referencial teórico- metodológico. Os conceitos de ideologia, gênero, profissão e mercado de trabalho foram incorporados como categorias de análise. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com nove diferentes profissionais de saúde, responsáveis pela formação e absorção de recursos humanos da área. A análise de discurso foi a técnica escolhida para tratar o material empírico, tomando-se a dialética-hermenêutica como um caminho interpretativo. Pelo processo de análise e interpretação dos dados foi possível apreender duas categorias empíricas, denominadas "Situação da Assistência ao Parto no Brasil" e "A Parteira que Queremos (ou Devemos) e a Parteira que Podemos", que, ao serem colocadas em relação com as categorias de análise possibilitaram atingir os objetivos propostos. Assim, a parteira ideal - aquela que queremos e devemos - foi revelada nos discursos sob duas perspectivas: de um lado, é a parteiratransitória, que substitui o médico diante da carência de recursos; de outro, é sua antítese, ou seja, a parteira de sempre, aquela que sempre existiu e existirá. A partir da superação dialética da parteira ideal definida nos discursos, pode emergir a parteira possível, que é a parteira em construção, representando o projeto utópico, contra-hegemônico, capaz de romper com a taxinomia da profissão e com a visão ideologizada e desgenerificada da mulher frente aos seus ) direitos reprodutivos
The purpose of this study was to give support of the proposals for the training of no-physician professionals - midwives, nurse-midwives and others - to attend the chlidbirth. The aim of this study was to identify who is the midwife referred by the health professionals, when they defend her existence, and to unveil the ideological assumptions that justify the education of this professional. It was used the qualitative method and adopted the mateiralistic-historical dialectic as theoretic methodological referential. The concepts of ideology, gender, profession and labour market were incorporated as analysis categories. Data collection was accomplished by interview with nine different professionals of health, responsible for the education and employment of human resources in the area. This discourse analysis was used to analyse the empirical material, with the dialectic-hermeneutics as an interpretative way. Through the analysis and data interpretation, it was possible to aprehend two empirical categories denominated "Situation of Attendance to the Childbith in Brazil" and "The Midwife that We Want (or Owed) and the Midwife that We Can". These categories, when put in relationship with the analysis categories permitted to reach the aims. Thus, the ideal midwife - the one we want and we owed - was revealed in the discourses under two perspectives on one side, she is a transitory midwife, who substitutes the physician in the face of the lack of resources; on theother side, she is her antithesis, that is, the midwife of ever, the one who always existed and will exist. Starting from the dialectic transposing of the ideal midwife defined in the discourses, the possible midwife can emerge: she is the midwife in construction, representing the utopian project, against-hegemonic, that is capable to break the profession taxonomy and the ideological and ungendered vision of the woman front to her reproductive rights