Sonda gástrica em recém-nascido pré-termo: estudo das alterações de flexibilidade do polímero constituinte e da caracterização do crescimento bacteriano na cavidade gástrica em 24, 48 e 72 horas de seu uso ininterrupto
Publication year: 1999
A assistência ao recém-nascido pré-termo (RN) em unidade neonatal, fazendo uso contínuo de sonda orogástrica, tem nos despertado para a aparente alteração da flexibilidade das sondas, bem como para a secreção mucóide, aderida em sua extremidade proximal, visualizada durante a remoção da mesma para substituiçào habitual, com cerca de 72 horas. Na ausência de elementos que esclareçam os fatos mencionados e de subsídios para considerá-los, ou não como riscos adicionais, à condição de saúde destas crianças, este estudo teve como objetivos: a) Comparar a flexibilidade das sondas gástricas, de natureza vinílica, usadas por 24, 48 e 72 horas; b) Caracterizar a microbiota da cavidade gástrica, dos recém-nascidos pré-termo, ao nascimento; c) Identificar microorganismos presentes, no suco gástrico, durante a utilização da sonda, por 24, 48 e 72 horas e d) Identificar sinais clínicos do recém-nascido, nos diferentes períodos de utilização da sonda orogástrica. O estudo foi realizado em um berçário de uma instituição governamental de ensino, do município de São Paulo, participando um total de 47 RN, com idade gestacional entre 30 5/7 a 34 semanas e peso entre 960g e 2.280g. O estudo foi desenvolvido em duas etapas; a primeira, referente ao objetivo "a", demonstrou que as sondas apresentam diminuiçào do teor de plastificante e da flexibilidade, nos diferentes períodos de utilização, em relação às sondas originais. Na segunda etapa, atendendo aos objetivos "b" e "c",observou-se que a colonização bacteriana ocorreu com mais freqüência em RN em jejum, com utilização de sondas por 72 horas. Todavia, em crianças com dieta de leite materno, o crescimento bacteriano antecipou-se com 48 horas.
Os agentes microbianos que proliferaram com maior freqüência foram:
Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativo, indicando pertencerem à flora bacteriana multirresistente de nosso meio neonatal. Nenhuma das crianças ) apresentou sinais clínicos sugestivos de infecção, no decorrer das duas etapas, no entanto, uma delas desenvolveu quadro de enterocolite necrotizante, não sendo possível explicar seu comprometimento apenas pela presença da sonda. O estudo sugere necessidade de aprofundamento das questões, aqui levantadas, principalmente no referente ao comportamento do crescimento bacteriano em suco gástrico de crianças alimentadas com leite materno
The pre term newborn care at neonatal units, which makes continued use of orogastric probes, have drawn our attention to an apparent alteration in probes' flexibility, as well as to the mucoid secretion found at such probes proximal ends upon removal thereof for routine replacement at aproximately 72 hours. Due to the lack of elements explaining such facts, and information as to whether or not such findings are additional risks to the health condition of such children, the objectives of this study were as follows: a) to compare the flexibility of vinylmade gastric probes used for 24 , 48 and 72 hours; b) to charecterize the gastric cavity microbial agents of pre-term newborns to birth; c) to identify any microorganisms present in the gastric juice during the use of probes for 24, 48 and 72 hours; and d) to identify newborns clinical signs at different times during the use of orogastric probes. The study was carried out at yhe maternity department of a public teaching institution in the municipality of São Paulo, and included a total of 47 newborn babies of gestational ages and weight ranging from 30 5/7 to 34 weeks and 960g to 2,280g respectively. The study comprised of two phases. the first phase, related to objective "a", confirmed that probes show a reduction in both plasticizing content and flexibility at different periods of use, as compared to unused probes. During the second phase, aimed at achieving objectives "b" and "c", a bacterial colonizationhas been found to occur more often in fast newborn babies, subject to the use of probes for 72 hours. However, in breast-fed children, such bacterial growth occured as early as 48 hours. Microbial agents found to proliferate more often were the Staphylococcus aureus and the Staphylococcus coagulase negative, which indicates such microorganisms belong to the munlti-resistant bacterial flora in our neonatal environment. No clinical signs suggesting infection have been shown by children in the course of the two study phases; there was one case of necrotyzing enterocolits, however, which could not be explained solely on the basis of probe use. The study points out to a need for a more detailed investigation of issues presented herein, specially concerning behavior of bacterial growth in breast-fed children's gastric juice