Problemas bio-psico-sociais dos pacientes com insuficiência renal crônica sob tratamento hemodilítico prolongado, em Florianópolis

Publication year: 1980

O presente trabalho é uma tentativa de responder alguns questionamentos teóricos, partindo da assistência no campo da prática a pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) em fase terminal, submetidos à hemodiálise. A hemodiálise tem sido considerada como um dos recursos existentes na luta pela sobrevivência de pacientes, e, durante o período de sobrevivência os pacientes apresentam problemas bio-psico-sociais que tem sido observados e relatados pelos estudiosos no assunto. Aplicando um formulário, com o total de pacientes submetidos à hemodiálise, em Florianópolis, o Autor identificou problemas bio-psico-sociais que teoricamente eram esperados nestes pacientes. Os problemas biológicos foram sistematizados para o estudo em doze (12) áreas que caracterizam as condiçöes: mental, dos sinais vitais, da pele e unhas, da cavidade bucal, dos ossos e articulaçöes, de alimentaçäo e digestäo, de equilíbrio hídrico, de eliminaçäo, sensoriais, de fístulas artério-venosas e hematológicas. E os problemas psicossociais, com base na teoria das crises de CAPLAN11 e LEVY30, foram agrupados em duas áreas, correspondendo à primeira e à segunda fase da crise emocional. Os resultados encontrados revelam que a populaçäo estudada tem condiçöes sócio-econômicas näo privilegiadas. O principal diagnóstico causal de Insuficiência Renal Crônica foi glomerulonefrite crônica e 37,6 por cento da populaçäo encontram-se em tempo hemodialítico inferior a 18 meses de tratamento.

Os problemas biológicos mais comuns encontrados foram:

astenia, oscilaçöes nos valores da pressäo arterial, pele ressecada, prurido, palidez, lábios secos e escamosos, cárie dentária e língua suburrosa, hipotonia e caimbras. Dor nos ossos e articulaçöes, náuseas, anorexia, vômitos, edema, oligúria, anúria, diminuiçäo da acuidade visual. Hematócrito abaixo de 26,0 por cento e antígeno Austrália positivo em 26,3 por cento da populaçäo.

Os problemas psicossociais mais evidenciados foram:

diminuiçäo da renda familiar, afastamento do emprego, medo de fazer hemodiálise, medo do desconhecido e medo de morrer, falta de informaçäo a respeito da doença e tratamento, dependência emocional, recusa de observar a dieta, mudanças sentidas na aparência física, capacidade de trabalho e de recreaçäo alteradas, sentimentos de tristeza e abandono. Constatou-se relaçäo entre o tempo de tratamento e problemas referentes a: falta de informaçäo a respeito do tratamento e dieta, dependência emocional, capacidade de trabalho e recreaçäo, sentimentos de tristeza e abandono e medo de morrer.