O semblante da clínica dialítica no contexto da promoção da saúde: reflexões dos profissionais sobre sua práxis

Publication year: 2005

Estudos que enfocam a atenção à saúde na clínica revelam que o modelo do sistema profissional dominante é o conjunto do aparato tecnológico e político-legal, limitando o espaço da clínica à reabilitação ou cura e, como conseqüência, distanciando-a de uma práxis efetivamente promotora de saúde. Este estudo teve como objetivo compreender e analisar as concepções dos profissionais de saúde que atuam com pessoas com IRC sobre a clínica como espaço promotor de saúde. Percorremos o estado da arte sobre clínica e promoção da saúde. Elegemos a concepção de Clínica do Sujeito (Campos, 2003) como semblante de clínica capaz de superar a atenção historicamente determinada pelo modelo flexneriano e de se integrar à rede da Promoção da Saúde. A opção teórico-metodológica do estudo fundamentou-se na hermenêutica-dialética (Minayo,1999,2002) pautada na metodologia qualitativa. A pesquisa focalizou a práxis de profissionais de saúde que desenvolvem suas ações numa clínica dialítica numa unidade hospitalar de referência para a zona norte do Estado do Ceará, totalizando 23 profissionais da equipe médica e de enfermagem. Para a coleta de dados, foram utilizadas entrevistas livres, fontes documentais e observações registradas no diário de campo. No tratamento dos dados, aqui entendidos como textos, nos inspiramos no princípio de que os textos devem ser compreendidos em seus contextos nos movimentos sugeridos pela hermenêutica-dialética – explicação, interpretação e crítica. Diante dos resultados, consideramos que na clínica dialítica há uma coexistência de uma Clínica Oficial e de uma Clínica do Sujeito, revelando uma superação do discurso oficial dos sujeitos sociais desta clínica sobre sua práxis para uma clínica promotora de saúde. Destacamos que esta pesquisa oferece uma reflexão que tem o potencial de contribuir para os profissionais de saúde e para as políticas de saúde com uma imagem objetivo de clínica expressa pelos sujeitos sociais do estudo.