Manejando o câncer e suas intercorrências: a família decidindo pela busca ao atendimento de emergências para o filho

Publication year: 2005

O câncer infantil constitui-se em um evento traumático para crianças e suas famílias. Tal evento as coloca diante de muitos desafios, incluindo: mudanças e restrições na vida diária, incertezas, intensos e prolongados regimes de tratamento. Acredita-se que conhecer como a família incorpora a doença no seu cotidiano é essencial para o atendimento, quando esta procura pelo atendimento de emergências. O presente estudo teve como objetivos compreender como a família da criança com câncer maneja a doença e suas intercorrências em casa e como toma a decisão de levá-la para um atendimento de emergência. Foi utilizada a História Oral como estratégia metodológica e a análise dos dados foi baseada no modelo teórico "Family Management Style Framework", de Knafl e Deatrick. A partir da interpretação das narrativas de seis mães que vivenciavam o tratamento do filho com câncer, apreendeu-se que manejá-lo em casa consiste em atividades como: monitorar o comportamento da criança, vigiar os sintomas da doença e regular as atividades da criança, procurando diminuir os riscos. O manejo envolve objetivos que priorizam manter-se vigilante tanto da criança quanto dos sinais de doença, buscando preservar a sua vida com o menor sofrimento possível. A mãe assume profunda responsabilidade para a prevenção de complicações e bem-estar do filho. Ela vai se capacitando ao longo da doença, aprimora seus conhecimentos sobre o diagnóstico, reações, tratamento e estratégias de cuidado, tornando-se mais segura para cuidar e tomar decisões. A possível necessidade do atendimento de emergências é incorporada ao cotidiano da família como um recurso para manejar a doença quando esta vai além da capacidade da mãe de manter o controle sobre os sintomas. Entretanto, levar ao filho ao pronto-socorro é permeado por sofrimento decorrente das incertezas que este gera. ...