Formas de sociabilidade e instauração da alteridade: vivência das pessoas com necessidades especiais

Publication year: 2004

Estudo realizado no período de maio de 2003 a maio de 2004 na cidade de Campina Grande – Paraíba - Brasil. O objeto empírico de análise foi compreender o discurso dos dirigentes das associações de portadores de deficiência acerca do processo de segregação de indivíduos com limitações do tipo física, auditiva e visual e o discurso dos associados acerca de seu relacionamento com o grupo dos "normais", com outras pessoas que portem uma limitação física, auditiva ou visual e acerca da compartimentalização da assistência institucional. O campo de estudo foram as associações de portadores de deficiência do tipo física, auditiva e visual.

Os envolvidos foram:

o coordenador, o coordenador adjunto e o animador da Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes, o coordenador da Associação dos Cegos e da Associação dos Surdos. E seis portadores de deficiência física, seis auditivos e seis visuais que aceitaram participar da pesquisa. Para a coleta de dados utilizou-se como técnica central a entrevista semi-estruturada e como técnica complementar a leitura de documentos das associações. Durante todo o processo investigativo respeitou-se os aspectos éticos relativos à pesquisa em seres humanos. Os dados foram organizados pela técnica da análise de discurso. Os resultados evidenciam que os coordenadores das associações e os seus associados utilizam a especificidade das necessidades básicas de cada tipo de portador de deficiência para legitimar a compartimentalização da assistência. Para todos os sujeitos o que institui a alteridade entre os portadores de deficiência é a empregabilidade, acessibilidade e educação. A vivência dos portadores de deficiência é marcada pela ambivalência, pelo uso de estratégias e táticas de resistência objetivando a apropriação de espaços de atuação, o acesso a bens e serviços e a melhoria das suas condições de vida. ...