A trajetória do Programa Saúde da Família em Campinas e a contribuição da enfermagem

Publication year: 2003

Analisamos o Programa Saúde da Família (PSF) em Campinas no período de 1995 a 2002 e o trabalho da enfermagem. Contextualizamos a saúde no Brasil, ressaltando a atenção básica de saúde nos anos 90, com o referencial da enfermagem enquanto trabalho, prática social inserida em um trabalho coletivo em saúde, em um contexto histórico. Desenvolvemos um estudo qualitativo, descritivo, baseado em documentos e em entrevistas com dez trabalhadores de saúde, que atuaram, coordenaram ou supervisionaram as equipes de saúde da família (ESF) entre os anos de 1998 e 2000. Caracterizamos os sujeitos quanto a faixa etária, tempo de formação, atuação na saúde pública e no PSF, reconhecendo que a maioria tem mais de quatro anos de atuação no programa. Na análise temática, identificamos os temas: historiando a implantação do PSF em Campinas, construindo um modelo de atenção à saúde e reordenando o processo de trabalho no PSF. Ao historiar a implantação, dividimos nos períodos de: 1995 a 1997, caracterizado pela idéia e os debates sobre o PSF; 1998 a 2000, pela implantação das primeiras três ESF; e, 2001 a 2002, da implantação enquanto diretriz municipal - o Paidéia/PSF. Destacamos alguns pontos na análise como o trabalho da enfermagem, a construção de um novo modelo de atenção, o agente comunitário de saúde e o trabalhador de saúde da família. A reordenação do processo de trabalho depende de mudanças nos trabalhadores e demais atores sociais, bem como nos interesses em disputa. O trabalho em equipe multiprofissional foi discutido, destacando-se a fragmentação que permeia o trabalho em enfermagem e em saúde. Consideramos que o PSF pode facilitar a mudança do modelo assistencial, aproximando os trabalhadores da enfermagem do usuário, da família e da comunidade, mas está em construção, em processo.