Prevenção da transmissão vertical do HIV/aids: compreendendo as crenças e percepções das mães soropositivas

Publication year: 2005

As medidas preventivas da transmissão vertical do HIV podem efetivamente reduzir as taxas da infecção nas crianças. No entanto, são necessárias a participação e adesão das mães ao tratamento. Buscando compreender as crenças que influenciam o comportamento das mães portadoras do HIV em relação às medidas profiláticas da transmissão vertical, desenvolvemos este estudo qualitativo. Foram entrevistadas 14 mulheres portadoras do HIV cujos filhos nasceram no município de Ribeirão Preto e tinham no mínimo 6 meses de vida. Os dados foram tratados de acordo com o método da Análise de Conteúdo e interpretados utilizando-se como referencial teórico o Modelo de Crenças em Saúde (Rosenstock, 1974), composto pelas dimensões susceptibilidade percebida, severidade percebida, benefícios percebidos e barreiras percebidas.

Na análise emanaram categorias que evidenciam as contradições da epidemia da aids:

na susceptibilidade percebida emergiram "invulnerabilidade antes da gravidez", "o pré-natal" e "susceptibilidade da criança"; quanto à severidade da doença - "subestimação do HIV" e "medo da morte"; "crescer saudável" e "não ser como eu", foram os benefícios percebidos pelas mães; em relação às barreiras possíveis, encontramos a "descrença na existência do vírus", "dificuldades financeiras" e "omissão do diagnóstico". Alguns aspectos das crenças podem ser considerados tanto como facilitadores como dificultadores da adesão materna, dependendo do contexto sócio-econômico e cultural em que vive a mãe. Conhecer a percepção das mães acerca das crenças que motivam os seus comportamentos proporciona aos profissionais de saúde maior compreensão desses comportamentos, permitindo ainda a possibilidade de elaboração de um planejamento mais efetivo de cuidados dentro de um contexto culturalmente significativo, com maior probabilidade de promover a adesão da clientela.
VIH