Enfermeiras que cuidam de mulheres: conhecendo a prática sob o olhar de gênero

Publication year: 2001

O estudo foi motivado por pesquisa anterior em que enfermeiras atuam nos cuidados diretos à saúde da mulher, mas referem-se a um poder médico limitante da sua autonomiaprofissional. Nesse espaço, as mulheres mantêm-se sob uma ordem que lhes nega como sujeitoscapazes de decidir politicamente sobre o seu corpo e sobre a sua vida. Parte do pressuposto deque naquela realidade, soma-se ao poder médico a incorporação pelas enfermeiras de um modelode assistir em saúde vinculado às estruturas de poder do Estado, essencialmente androcêntricas,reproduzindo-o na relação com a cliente. A pesquisa teve como objetivos conhecer oscondicionantes institucionais da prática das enfermeiras nos cuidados à saúde da mulher e combase nestes conhecer como se constrói e como se dá a relação enfermeira-cliente analisando-asegundo a abordagem de gênero. Os dados foram obtidos por meio de oficinas de reflexão e aanálise mostrou que a relação enfermeira-cliente se constrói e se dá em meio a desigualdadesentre e intragênero e a prática está condicionada a questões estruturais e à dinâmica do serviço emque médicos definem rotinas e prioridades. A prática das enfermeiras é orientada pelo referentemasculino que as inferioriza no campo do saber e a idealização do cuidar define uma relação comas clientes que dificulta a potencilização da capacidade reivindicatória das mulheres e dessasprofissionais por direitos. As enfermeiras buscam o exercício do cuidar como expressão de umsaber qualificado que conjugue o técnico e o científico com afetividade, o que é comprometido peloreferencial da prática e pela ordem institucional.