Perfil e diagnósticos de enfermagem de pacientes com transtornos mentais em um hospital geral e de ensino
Publication year: 2013
Os números globais de incidência e prevalência dos transtornos mentais, de comportamento e problemas relacionados ao uso nocivo de álcool e outras drogas e suas consequências são alarmantes e configura-se em uma questão grave de saúde pública mundial. O hospital geral está incluído na rede de atenção à saúde mental e estima-se que 30% dos pacientes atendidos para tratamento clínico ou cirúrgico apresentam pelo menos um transtorno mental. O objeto deste estudo é o perfil sociodemográfico, clínico e diagnósticos de enfermagem destes pacientes. O objetivo geral foi caracterizar o perfil sociodemográfico, clínico e diagnósticos de enfermagem dos pacientes com transtornos mentais. Trata-se de um estudo quantitativo de corte transversal do tipo survey. O estudo foi desenvolvido em seis unidades de internamento (Cardiologia, Neurologia, Clínicas Médica Masculina e Feminina, Infectologia e Pronto Atendimento Adulto) do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. A amostragem não-probabilística por conveniência foi composta por 179 participantes, recrutados no período de 01 de fevereiro de 2012 a 31 de janeiro de 2013.
Os critérios de inclusão no estudo foram:
possuir diagnóstico de transtorno mental descrito em prontuário; ter 18 anos de idade ou mais.Os critérios de exclusão foram:
ser paciente já incluído no estudo e ter reinternado; apresentar rebaixamento de nível de consciência. Os dados foram coletados por meio de entrevista utilizando-se um instrumento estruturado aplicado aos 179 participantes e outro semiestruturado aplicado a 35 dentre os 179 participantes. Os dados foram armazenados em planilha do SPSS® 13.0, analisados por métodos estatísticos-descritivos. Os resultados demonstraram que 53,6% eram mulheres, a média de idade 48,95±DP15,33 anos, 79,9% brancos, 40,8% naturais do interior do estado do Paraná, 83,3% residiam em Curitiba ou região metropolitana, 94,4% em área urbana, 76,0% em casa própria, 19,6% moravam com filhos e 20,1% com outros familiares, 47,5% eram casados ou em situação conjugal estável, 62,0% católicos, 49,8% tinham o ensino fundamental incompleto, 33,5% trabalhavam como prestadores de serviços e 34,6% não tinham profissão, 25,7% eram aposentados.Quanto à presença de transtorno mental:
40,21% apresentavam transtornos depressivos, com maior prevalência para o sexo feminino, 15,6% transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substâncias psicoativas com maior frequência entre os homens. Quanto à origem do recrutamento, 27,4% dos casos foram provenientes da unidade de neurologia; 78,8% dos participantes internaram no hospital com diagnóstico psiquiátrico prévio, isso confirma o hospital geral como um dos componentes da rede de serviços de atenção à saúde mental; 67% faziam tratamento psiquiátrico; 77,7% usavam medicação psiquiátrica contínua; dados que sugerem a importância da equipe de enfermagem na observação e continuidade do tratamento a fim de prevenir desestabilização do quadro psiquiátrico; 23,5% referiram já ter tentado suicídio; 21,2% apresentavam mais de um diagnóstico psiquiátrico reafirmando a presença de comorbidades; 24,6% já usaram droga ilícita na vida. Evidenciou-se que 25,3% eram dependentes de álcool; 30,7% de tabaco e 17,3% de outras drogas. Foram identificados 31 diagnósticos de enfermagem e a maior prevalência nos 35 casos estudados foi Conforto prejudicado, 51,4%, seguido de Comportamento de saúde propenso a risco, 48,6%; e Risco de suicídio, 34,3%. Quanto à categorização dos diagnósticos de enfermagem 6,5% referiram-se à Promoção da saúde, 19,3% a riscos e 74,2% a diagnósticos reais. Concluiu-se que a distribuição das variáveis referentes ao perfil sociodemográfico se assemelha com dados gerais da população. As características clínicas coadunam as modificações estruturais na Atenção à Saúde Mental no Brasil. Os diagnósticos de enfermagem identificados dão suporte às necessidades de cuidados psíquicos e físicos dos pacientes.
The overall numbers of incidence and prevalence of mental disorders, of behavior and problems related to harmful use of alcohol and other drugs and its consequences are alarming and configures into a serious public health issue worldwide. The general hospital is included in the network of mental health care and it is estimated that 30% of the patients admitted to medical or surgical treatment have at least one psychiatric disorder. The object of this study is the sociodemographic, clinical and nursing diagnosis profile of these patients. The general objective was to characterize the sociodemographic, clinical and nursing diagnosis profile of patients with mental disorders. This is a quantitative study, of cross-sectional, of survey type. The study was conducted in six inpatient units (Cardiology, Neurology, Clinical Medical Male and Female, Infectious Diseases and Adult Emergency Services) of the Clinical Hospital of the Federal University of Paraná. The non-probability sample for convenience consisted of 179 participants, recruited from 1st February 2012 to 31th January 2013.
The inclusion criteria in the study were:
having a diagnosis of psychiatric disorder described in the medical records; being 18 or older.The exclusion criteria were:
patients already included in the study and had to be readmitted; present drop in the level of consciousness. The data were collected through interviews using a structured instrument applied to 179 participants and another semistructured applied to 35 participants. The data were stored in the SPSS® 13.0, analyzed by statistical-descriptive methods. The results showed that 53,6% were women, mean age 48,95 ± DP 15,33 years old, 79,9% white, 40,8% natural from the countryside of the state of Paraná, 83,3% lived in Curitiba or metropolitan area, 94,4 % in urban areas, 76,0 % in their own home, 19,6% lived with their children and 20,1% other family members, 47,5% were married or in a stable marital status, 62,0% catholic, 49,8% had incomplete elementary education, 33,5% worked as service providers and 34,6% had no occupation, 25,7% were retired.Regarding the presence of psychiatric disorder:
40,21% had depressive disorders, with higher prevalence in females, 15,6% mental and behavioral disorders due to the use of psychoactive substances, most frequently among men. Regarding the origin of recruitment, 27,4% of the cases were from the neurology unit, 78,8% of participants admitted to hospital with previous psychiatric diagnosis, this confirms the general hospital as a component of the network of health care of mental services, 67% were under psychiatric treatment; 77,7% used psychiatric medication continuously, the data suggesting the importance of the nursing team in observation and continuity of treatment in order to prevent destabilization of psychiatric disorder, 23,5% reported ever having attempted suicide, 21,2% had more than one psychiatric diagnosis confirming the presence of comorbidities, 24,6% had used illicit drug in life. It was showed that 25,3% were alcoholics, 30,7% tobacco users and 17,3% other drugs. There were identified 31 nursing diagnoses and the highest prevalence in the 35 cases studied was Impaired comfort, 51,4%, followed by Risk-prone health behavior, 48,6%; and Risk for suicide, 34,3%. Regarding the categorization of nursing diagnoses 6,5% reported to the Health Promotion, 19,3% to Risks, and 74,2% Real diagnoses. It was concluded that the distribution of the variables related to sociodemographic profile is similar with the general population data. The clinical features incorporate structural changes in the Mental Health Care in Brazil. The nursing diagnoses identified give support to psychosocial and physical needs of the patients.
Los números globales de incidencia y que prevalece de los trastornos mentales, de conducta y problemas relacionados al uso nocivo del alcohol y otras drogas y sus consecuencias son alarmantes y se configura en un problema grave de salud pública en todo el mundo. El hospital general se incluye en la red de atención de salud mental y se estima que el 30% de los pacientes admitidos a tratamiento médico o quirúrgico tienen al menos un trastorno psiquiátrico. El objeto de este estudio es describir el perfil socio-demográfico, clínico e de diagnósticos de enfermería de estos pacientes. El objetivo general fue caracterizar el perfil socio-demográfico, clínico y diagnostico de enfermería de los pacientes con trastornos mentales. Se trata de un estudio cuantitativo, transversal, del tipo survey. El estudio se realizó en seis unidades de hospitalización (Cardiología, Neurología, Clínicas médicas masculino y femenino. Infectología y Servicios de emergencia adulto) del Hospital de Clínicas de la Universidad Federal de Paraná. El muestreo no probabilístico por conveniencia consistió en 179 participantes, reclutados en febrero 1 de 2012 a enero 31 de 2013.