Representações sociais sobre violência conjugal por homens acusados no contexto da Lei Maria da Penha
Publication year: 2016
A violência é um evento que transpõe toda a ordem das relações pessoais, sociais e institucionais e apresenta um grande impacto para a vida dos sujeitos envolvidos. Assume contornos importantes em nossa sociedade na medida em que não se restringe a determinados locais, classes sociais, gênero ou faixas etárias, gerando representações sociais. Este estudo teve como objetivo apreender as representações sociais da violência contra as mulheres na perspectiva de homens autores. Trata-se de estudo descritivo qualitativo, à luz da abordagem das representações sociais, desenvolvido em uma Delegacia da Mulher de município do interior do Estado do Paraná. A coleta ocorreu no período de fevereiro de 2015 a abril de 2016, mediante aplicação de dois métodos de coleta de dados: a evocação livre de palavras e a entrevista focalizada. A evocação livre de palavras foi aplicada a 71 homens acusados pela prática de violência contra as mulheres; e a entrevista focalizada a 12, selecionados entre os primeiros. Utilizou-se, tanto na coleta quanto na análise dos dados, a triangulação, que possibilitou a verificação dos resultados de diferentes aspectos. A análise lexical dos dados foi realizada com auxílio do programa IRAMUTEQ (Interface de R pourles Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) e a estrutural com o Ensemble de Programmes Permettant l'Analyse de Évoctioons empregado para a análise da evocação das palavras. Os participantes eram adultos jovens, que conviviam/conviveram com as denunciantes pelo período de 1 a 5 anos, e tinham filhos com elas. Praticaram violência moral ou física e não tinham registros anteriores de violência. A análise estrutural trouxe os vocábulos agressão, covardia e errado como elementos centrais, sendo complementados por desrespeito, respeito, ciúme, conversa, medo, mentira, não cometer e traição.
Já a análise lexical deu origem a quatro classes que foram denominadas como:
De geração a geração: o propagar da violência na resolução de conflitos familiares"; Sentimentos e comportamentos diante da violência; Repercussões da violência para o agressor; O agressor e a sua vitimização. Considera-se que as situações de violência vivenciadas pelos participantes ao logo da vida, colocam-na na condição de um agravo crônico, o que gera sentimentos e comportamentos dúbios, pois, mesmo esforçando-se para ter o diálogo como meio para a resolução dos conflitos e a igualdade nas relações, o poder sobre o outro e a violência estavam arraigados em suas concepções de mundo sendo retratada nos depoimentos. A naturalização da violência, levou-os a constituir a imagem das situações de violência como algo injusto para os homens e a buscarem justificativas para sua prática e vitimizarem-se diante dos acontecimentos.
Violence is an event, which transposes every order of personal, social and institutional relations, and shows a huge impact to the lives of the subjects involved, it assumes important contours in our society as long as do not restrict specific places, social classes, gender or age range, resulting in social representations.