A complexa vivência do portador de transtorno mental no uso de psicofarmacos

Publication year: 2015

Este estudo teve como objetivo:

conhecer como o portador de transtorno mental vivencia o uso de psicofármacos. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa e método exploratório realizada no município de Curitiba (PR) no período de março a maio de 2015. Participaram 26 portadores de transtorno mental que apresentavam idade igual ou superior a 18 anos em tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial III com prescrição médica de psicofármacos. Os dados foram obtidos por intermédio de entrevista semiestruturada e analisados de acordo com a Análise de Conteúdo Categorial Temática proposta por Bardin, posteriormente organizados nas seguintes categorias temáticas: 1. Vivenciando os efeitos dos psicofármacos; 2. Utilizando os psicofármacos de modo irregular; 3. Desenvolvendo estratégias para a manutenção do uso regular de psicofármacos; 4. Identificando facilidades e dificuldades no uso de psicofármacos. Os resultaram permitiram conhecer que a vivência do uso de psicofármacos caracteriza-se como processo complexo que envolve o portador de transtorno em sua totalidade, interferindo na subjetividade, na saúde física e mental, nas relações familiares, na convivência em sociedade e nos aspectos ocupacionais. Os participantes mencionaram que este processo é permeado pelo sentimento de ambivalência procedente dos efeitos positivos que o uso de psicofármaco incita em suas vidas, bem como pelos efeitos negativos concernentes aos efeitos colaterais e a não interrupção por completo da sintomatologia. Ademais, enfatizaram utilizar frequentemente os medicamentos de modo incorreto, objetivando minimizar os sofrimentos ocasionados pelo transtorno e pelos efeitos colaterais destes medicamentos. Entrementes, realizam estratégias a partir de atos e ações empreendidas para a manutenção do tratamento medicamentoso e da resolução de problemas procedentes dos transtornos mentais. Por fim, evidencia-se que o processo de utilizar medicamentos é permeado constantemente por múltiplos aspectos que facilitam e dificultam a manutenção do tratamento medicamentoso. Conclui-se que há a necessidade de considerar a existência subjetiva e as reais necessidades dos portadores de transtorno mental no seu tratamento, enfatizando a realização de estratégias que fortaleçam a autonomia destes para que possam definir e opinar acerca do seu próprio tratamento medicamentoso, com vistas a melhores índices de adesão, de uso racional e melhoria da qualidade de vida.

This study objectified:

to apprehend how mental patients experience psychopharmacological drugs. It is an exploratory, qualitative research study held in the municipality of Curitiba (Paraná State, Brazil) between March and May of 2015. Twenty-six (26) mental patients participated with ages ranging from 18 years old or over, undergoing treatment at a Psychosocial Healthcare Centre III and being prescribed psychopharmacological drugs. Data were collected by means of a semi-structured interview and analyzed according to Bardin's Thematic Content Analysis, further organized in the following theme categories: 1. Experiencing psychopharmacological drug effects; 2.

Using psychopharmacological drugs in an irregular way:

3. Developing strategies to keep the regular use of psychopharmacological drugs; 4. Identifying facilities and difficulties in the use of psychopharmacological drugs. Results enabled to apprehend that living with the use of psychopharmacological drugs is characterized as a complex process, which wholly involves mental patients, interfering in their subjectivity, physical and mental health, family relationships, social interaction and occupational aspects. Participants mentioned that this process is permeated by an ambivalent feeling from the positive effects of the use of psychopharmacological drugs in their lives, as well as the negative ones from drug side effects and incomplete interruption of the symptomatology. Moreover, they pointed out frequently incorrect way of the use of medication, objectifying to lessen the suffering caused by the disorder and drug side effects. Meanwhile they carry out strategies by means of actions to keep the drug treatment and solve problems from the mental disorders. Finally, it is evidenced that the process of medication use is usually permeated by multiple aspects, which facilitate or hinder the drug treatment. It is concluded that there is the need to consider mental patients' subjective existence and real necessities during their treatment, stressing the development of strategies in order to strengthen their autonomy so that they can define and express their opinions on their pharmacological treatment, aiming at better rates of adherence, rational use and improvement of their quality of life.