Avaliação da atenção perinatal na perspectiva dos direitos das mulheres em maternidades de risco habitual
Publication year: 2014
A Atenção Perinatal de qualidade, livre de danos e que minimize as chances de morte materna e infantil requer a garantia dos direitos das mulheres previstos nas políticas públicas de saúde brasileiras. Trata-se de pesquisa avaliativa, transversal, de abordagem quantitativa, realizada nas maternidades de risco habitual do Sistema Único de Saúde (SUS) em um município do sul do Brasil. O objetivo foi avaliar a Atenção Perinatal na perspectiva das usuárias, com foco no atendimento de seus direitos. A amostra foi probabilística, baseada no número de partos realizados mensalmente em cada maternidade, em 2013. Constituiu-se de 95 participantes que tiveram parto normal sem intercorrências, internadas no Alojamento Conjunto com o seu recém-nascido. A pesquisa foi aprovada por Comitês de Ética da Universidade Federal do Paraná e da Secretaria Municipal de Saúde do município. A coleta de dados desenvolveu-se entre maio a julho de 2014, mediante entrevista estruturada ocorrida entre a 24ª e a 48ª hora após o parto, nas instalações das maternidades. Dados foram organizados em planilhas eletrônicas e procedeu-se à análise descritiva univariada. Resultados foram descritos e apresentados mediante tabelas, quadros e gráficos. Como parâmetros para avaliação dos processos da Atenção Perinatal foram utilizadas as boas práticas de atenção ao parto e nascimento, recomendadas pela OMS e estabelecidos pela Rede Cegonha. As maternidades foram avaliadas conjuntamente e os resultados cogitados com o referencial teórico e literatura nacional e internacional correlata ao tema. Na maioria, as participantes são multíparas, sob união consensual, submetidas as seis consultas de pré-natal e contaram com o companheiro durante a gestação. Quanto aos direitos das mulheres, a maioria foi chamada pelo nome durante o trabalho de parto, parto e puerpério imediato; os profissionais de saúde se identificaram; elas receberam métodos não farmacológicos para o alívio da dor; foram incentivadas ao imediato contato cutâneo com o filho; receberam orientações e cuidados de profissionais da equipe de enfermagem. Entretanto, alguns direitos não foram garantidos à maioria, como a permissão à mulher escolher a posição e o local de parto, e o incentivo dos profissionais à amamentação na primeira hora pós-parto. Cuidados relativos ao aleitamento materno restringiram-se às mães, e houve pouca ênfase em orientações para incentivar o aleitamento seguro. Embora o atendimento nas maternidades pareça estar sob controle gerencial, somente as mulheres que foram atendidas podem revelar, realmente, como vivenciaram as práticas assistenciais na Atenção Perinatal. Contudo, deve-se analisar os resultados, cautelosamente, pois foram obtidos somente segundo a perspectiva de usuárias. Recomendam-se outras pesquisas avaliativas com replicação do método. Os resultados podem ser úteis ao planejamento para melhoria contínua da Atenção Perinatal do SUS e das maternidades. Há necessidade de incorporação de critérios e normas baseados em evidências científicas atuais para a Atenção Perinatal na prática dos profissionais de saúde, bem como de monitoramento contínuo de indicadores assistenciais, contribuindo para a garantia do que é de direito das mulheres: um parto seguro, planejado e de qualidade.
A quality perinatal care free from hazards and that minimize the odds of maternal and newborn dealths demands that women rights - as they are stablished in public policies - are granted. This health evaluative research is a cross study, of quantitative approach, performed in usual risk maternity hospitals of the Unified Health System (SUS) in a Brazilian southern city. The aim was to evaluate the Perinatal Care in the perspective of users, focusing on women's rights. The sample was probabilistic, based on the number of deliveries performed monthly in each maternity hospital in 2013. The total of 95 participants had vaginal delivery without complications, and they were admitted to the rooming in with your newborn. The study was approved both by the Federal University of Paraná and the Municipal Secretary of Health Committees on Ethics. Data collection was developed from May to July 2014, by structured interview that took place between the 24th and the 48th hour after the birth. Data were organized in spreadsheets and submitted to univariate descriptive analysis. Results were described and presented by tables, charts and graphs. The best practices of care during labor and birth recommended by WHO and established by Rede Cegonha were used as parameters for evaluation of the Perinatal Care processes. The maternity hospitals were jointly evaluated and the results were discussed based on the theoretical framework and the national and international literature related to the topic. Most participants are multiparous, live with their companion under consensual union, had six prenatal encounters and the presence of the partner during all pregnancy. According to the women's rights regarding labor, delivery and postpartum, most of them were called by their name during the process; health professionals presented themselves to the women; they received non-pharmacological methods for pain relief; they were encouraged to immediate to a skin contact with the child; received guidance and care by nursing team professionals. However, some rights were not granted to the majority of the participants, such as allowing the woman to choose the position and place of birth, and the encouragement of breastfeeding by professionals in the first hour after delivery. Breastfeeding care was only focused to mothers, and there was little emphasis on guidelines to encourage safe breastfeeding. Although care in hospitals appear to be under management control, only the women who received care can prove their experiencing of healthcare practices in Perinatal Care. However, results should be analyzed cautiously as they have been obtained only from the perspective of users. The authors recommend the development of evaluative researches with replication of the method used, and others from the perspective of other authors involved in perinatal care. The results may be helpful for planning for continuous improvement of Perinatal Care in maternity hospitals of SUS. There is a need to incorporate criteria and standards based on current scientific evidences for Perinatal Care in the health professionals' practice, as well as the continuous monitoring of indicators of care. Finally, there will be a contribution to ensure that the rights of women can be: a safe vaginal delivery, planned and with quality.