Análise da atuação das enfermeiras em um modelo gerencial de unidades funcionais

Publication year: 2010

Pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa, que teve por objetivo analisar os espaços de atuação das enfermeiras em uma instituição hospitalar de ensino da cidade de Curitiba, PR, após a implantação de um novo modelo gerencial. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde/UFPR, o estudo teve um universo de 215 enfermeiras, e os sujeitos da pesquisa, após a categorização dos cargos foi de quatro enfermeiras que atuam em comissão/comitê, oito enfermeiras dos cargos que fazem parte da estrutura do Serviço de Enfermagem e três dos cargos externos ao Serviço de Enfermagem, definidos como administrativos. A coleta de dados foi realizada por entrevista semi-estruturada, com as falas transcritas e categorizadas segundo a técnica de análise de conteúdo segundo Bardin. Todos os sujeitos são do sexo feminino, na faixa etária entre 25 e 59 anos, com formação acadêmica entre 05 e 30 anos, tempo de atuação no hospital entre 05 e 30 anos, a maioria tem pós-graduação, quatro são mestres, três mestrandas e duas doutorandas.

Como resultados emergiram seis categorias de análise:

1 - atividades desenvolvidas pela enfermeira; 2 - mudanças profissionais e pessoais após assumir o cargo; 3 - satisfação/insatisfação no desempenho do cargo; 4 - contribuições para o exercício do cargo; 5 - competências para o desempenho no cargo; e 6 - reconhecimento profissional a partir da atuação da enfermeira no cargo atual. As atividades das enfermeiras, de acordo com o agr pamento de cargos, se dividem em assessoria, vigilância em saúde, atividades administrativas, atividades assistenciais, educação em serviço, orientação em saúde, pesquisa e atividades administrativas institucionais. As mudanças profissionais e pessoais ocorridas após assumir o cargo traduzem-se em: oportunidades de conhecer o contexto hospitalar de forma mais abrangente e ampliar o foco de trabalho; a importância de trabalhar com uma equipe multiprofissional; a possibilidade de sair da assistência direta, citada como mudança pessoal positiva; o empoderamento pelo conhecimento adquirido; a modificação no padrão do relacionamento com a equipe; a responsabilidade pelo próprio trabalho; e viver sob pressão, principalmente referido pelas enfermeiras em cargos administrativos. Na categoria satisfação/insatisfação no desempenho do cargo, os pontos positivos levantados foram autonomia técnica , satisfação com o trabalho, a possibilidade de receber etroalimentação sobre o trabalho realizado, ter uma atividade sem subordinados pelos quais responde, necessidade de conhecimento técnico e oportunidade de aprendizado. Os pontos negativos relatados foram o desgaste pessoal e a falta de apoio institucional, maior pressão, impotência administrativa e a estrutura organizacional do serviço público que limita a atuação. As contribuições da formação acadêmica para o exercício do cargo foram consideradas básicas na aquisição dos conhecimentos profissionais, sendo a experiência adquirida na prática do exercício profissional como mais significativa para o exercício do cargo atual. Sobre a contribuição da instituição há divergências entre as enfermeiras. As competências consideradas foram a necessidade do conhecimento na área de atuação e conhecimento técnico, liderança, abilidade no relacionamento interpessoal, atitude ética, segurança e confiança para tomada de cisões. Os sujeitos referem que existe reconhecimento do conhecimento específico da enfermeira, mas o reconhecimento profissional se dá pelo desempenho individual da enfermeira e vem da atuação em cargos distantes do cuidado.
This dissertation presents a descriptive, exploratory research, with a qualitative approach that analyzed the nurses professional space at a Teaching Hospital in Curitiba, after a new management model was put in effect. This study had the approval of the Ethics Committee of the Health Sciences School at UFPR. The objects of the study were 15 nurses selected from a universe of 215, chosen from three categories: four nurses who are part of committees; eight from Nursing Services; and three from administrative and managerial posts, external to Nursing Services. The data were collected with semi-structured nterviews, the answers were transcripted and categorized with Bardin's content analysis technique. All subjects are female, aged 25 to 59, with between 5 and 30 years of formal education, worked at the hospital between 5 and 30 years. The majority have a post-graduate degree: four have a Masters degree, three are studying for a Masters, and two studying for a PhD degree.

The results can be analyzed according six categories:

(i) work performed by the nurse; (ii) personal and professional changes after taking up the position; (iii) job satisfaction/dissatisfaction; (iv) elements that contribute to a good performance at the current position; (v) skills needed to perform the job; and (vi) professional status attained at the current position. The activities performed, according to the job categorization, are internal consulting services, public health surveillance, management, nursing care, on-the-job education, health education, resear h, and university-related management work. The personal and professional changes comprise gaining a broader nderstanding of the several contexts within the Hospital and a widening of the professional foci; a better appreciation of multiprofessional teams; the possibility to stop working in direct assistance --mentioned as a positive factor; empowerment attained from the newly acquired knowledge; changes in the intra-team relationship patterns; raised levels of commitment to the job; work under pressure --mostly for nurses performing managerial functions. Regarding job satisfaction, the positive aspects are technical autonomy; receiving feedback about activities performed; working without any subordinates for whose performance one is held accountable; need for higher level of technical skills and opportunities for learning. The negative aspects are over-exertion at work; lack of institutional support; work under increased pressure; managerial impotence; a public service model that limits the scope for managerial actions. The knowledge base acquired during University education is fundamental in expanding professional skills and experience. However, the practical experience, on the job, is considered the most relevant for the current position. The institutional support, financial or otherwise, provided by the Hospital is seen by some as sufficient, and by others as lacking. The set of skills comprise thorough technical knowledge related to the job, leadership, ease at interacting with people, ethical behavior, confidence at decision making. The subjects report that knowledge in nursing brings recognition, but to attain higher professional status one needs to perform well as a nurse and work at activities removed from direct care.