Complicações relacionadas ao uso do cateter intravenoso periférico em neonatos

Publication year: 2013

Introdução:

A terapia intravenosa periférica é prática amplamente realizada durante a hospitalização do neonato em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Proporciona vantagens ao cuidado desempenhado a esta clientela, contudo pode acarretar complicações relacionadas ao uso e manuseio do cateter intravenoso periférico (CIP).

Objetivos:

avaliar a incidência de complicações relativas ao uso do CIP em neonatos e identificar fatores de risco associados.

Método:

Estudo de coorte realizado na UTIN de hospital de ensino de Curitiba - Paraná, no período de março de 2012 a junho de 2013. Avaliaram-se variáveis relacionadas aos neonatos e aos CIP.

Resultados:

Totalizou-se 145 neonatos que utilizaram 677 CIP. A incidência de complicações relacionadas ao uso do CIP nesta pesquisa foi de 63,15%, dentre as quais se observou infiltração/ extravasamento (69,89%), flebite (17,84%) e obstrução (12,27%). Evidenciou-se como fatores de risco para a complicação do CIP: prematuridade (p=0,0324), uso de cateter venoso central (p=0,0064) e submissão a intubação orotraqueal (IOT) (p=0,0078) durante o internamento, presença de infecção pré-existente (p=0,0192) e peso no dia da punção (p=0,0093), tipo de infusão 'intermitente associada à contínua' (p<0,0001), IOT concomitante ao uso de CIP (p=0,0008), infusão de plano básico (p=0,0027), nutrição parenteral total (NPT) (p=0,0002), hemotransfusão associada a outras infusões (p=0,0003) e administração de outros medicamentos (p=0,0004).

Neonatos com maior:

média de cateteres (p<0,0001) e tempo de internamento (p<0,001); bem como menor: mediana de parkin (p=0,0166) e média de peso ao nascer (p=0,0049) desenvolveram número maior de complicações. Infusão intermitente é a mais adequada para a manutenção do cateter (p<0,0001); administração de NPT não é indicada para CIP (p=0,0002); e o uso exclusivo do cateter para a hemotransfusão reduz o risco de complicações (p=0,0003).

Conclusões:

A utilização da terapia intravenosa periférica é uma prática amplamente utilizada nos cuidados a neonatos hospitalizados em UTIN. Estimou-se a incidência de ocorrência de complicações relacionada ao uso do CIP, bem como, observou-se elevado número de resultados inéditos no que se refere aos fatores de risco que se relacionam ao desenvolvimento dessas complicações. Sugere-se o desenvolvimento de pesquisas semelhantes para a contemplação dos graus de flebite, infiltração e extravasamento. Bem como, a utilização de outras tecnologias de CIP para observação e comparação de riscos e benefícios. Mesmo após a observação de elevada taxa de ocorrência de complicações, ressalta-se a necessidade da utilização da terapia intravenosa periférica, pois se trata de procedimento que auxilia na recuperação clínica do neonato. Salienta-se que as condutas adotadas quanto à vigilância do CIP devem ser modificadas principalmente nas primeiras 48 horas de vida, quando o neonato apresenta instabilidade hemodinâmica e observa-se maior desenvolvimento de complicações.

Introduction:

Peripheral intravenous therapy practice is widely performed during the newborn hospitalization in the Neonatal Intensive Care Unit (NICU). It provides advantages in relation to the expended attention to those patients; however, it can lead to complications when using and handling peripheral intravenous catheter (PIC).

Objectives:

evaluate the complications incidence related to the use of PIC in neonates and identify associated risk factors.

Method:

cohort study performed at NICU of a teaching hospital in Curitiba - Paraná, from March, 2012, to June, 2013. Variables related to newborns and PIC were evaluated.

Results:

There were a total of 145 neonates who used 677 PIC. The incidence of complications related to the use of PIC in this study was 63,15%, among them, infiltration/extravasation (69.89%), phlebitis (17.84%), and obstruction (12.27%) were observed.

Risk factors for PIC complications found in this study were:

prematurity (p=0.0324), use of central venous catheter (p=0.0064) and submission to orotracheal intubation (OTI) (p=0.0078) during hospitalization, presence of pre-existing infection (p=0.0192) and weight on the puncture day (p=0.0093), "intermittent infusion associated with continuous infusion" (p<0.0001), OTI applied concomitantly to PIC use (p=0.0008), infusion of basic plan (p=0.0027), total parenteral nutrition (TPN) (p=0.0002), blood transfusion associated with other infusions (p=0.0003) and other drug administration (p=0.0004). Neonates with higher average of catheters (p<0.0001) and hospitalization length (p<0.001) and neonates with lower median of parkin (p=0.0166) and mean birth weight (p=0.0049) developed more complications. Intermittent infusion is the most suitable for catheter maintenance (p<0.0001); administration of TPN is not indicated for PIC (p=0.0002); and the exclusive use of the catheter for blood transfusion reduces the complications risk (p=0.0003).

Conclusions:

The use of peripheral intravenous therapy is a widely used practice in the care of neonates hospitalized in NICU. Incidence of complications related to the PIC use was estimated; and many unprecedented results were observed with regard to risk factors related to the development of these complications. Similar researches are suggested focusing the phlebitis degrees, infiltration, and extravasation, as well the use of other PIC technologies for observation and comparison of risks and benefits. Even after having found high complications rate, the need for the use of peripheral intravenous therapy is emphasized, because it is a procedure that helps the neonate's clinical recovery. It is noted that the behaviors adopted for monitoring the PIC should be modified mainly in the first 48 hours of life when the neonate presents hemodynamic instability and there is more complications development.