O ensino baseado em simulação e o desenvolvimento de competência clínica de estudantes de enfermagem

Publication year: 2017

O ensino baseado em simulação tem sido utilizado como método pedagógico padrão ouro na formação dos profissionais de saúde, a fim de prepará-los para um cuidado ético e seguro. O objetivo foi avaliar a contribuição do ensino baseado em simulação de alta fidelidade para o desenvolvimento de competências clínicas pelo estudante de enfermagem. Estudo de intervenção longitudinal e quantitativo que utilizou como modelo teórico o "Nursing Education Simulation Theory". Participaram 35 estudantes do curso de enfermagem da Universidade Federal do Paraná matriculados no sexto período entre julho de 2015 e junho de 2016.

A proposta educacional foi dividida em três blocos de atividades:

fundamentação teórica, estações de aprendizagens com simulação de alta fidelidade e debriefing. Foram realizadas cinco simulações com nível crescente de complexidade com situações versando sobre o atendimento de emergência cardiovascular, respiratório e neurológico.

Os instrumentos para coleta de dados utilizados foram:

avaliação do estresse, escala de autoconfiança, avaliação do debriefing associado à simulação e escala de satisfação com as experiências clínicas simuladas. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial, e foi utilizado um modelo linear de efeitos mistos. Dentre os participantes, houve o predomínio do sexo feminino (90,6%), com idade entre 22 e 24 anos (45,7%). Ao analisar o percentual de variação do estresse obtido antes e após cada uma das cinco simulações, observou-se aumento do estresse relacionado ao fator 2 - "contato com o sofrimento" após a simulação 1 (p=0,0041) e após a simulação 2 (p=0,0479); aumento do nível de estresse conferido ao fator 3 - "relação com tutores e companheiros" após a simulação 1 (p=0,0046); aumento do estresse associado ao fator 5 - "não controlar a relação com o doente" após a simulação 3 (p=0,0439); aumento do estresse ligado ao fator 6 - "envolvimento emocional" após a simulação 3 (p=0,0454); aumento do estresse relacionado ao fator 7 - "ser magoado na relação com o doente" após a simulação 1 (p=0,0304) e aumento do estresse atribuído ao fator 8 - "sobrecarga" após a simulação 3 (p=0,0282). Quanto ao percentual de estresse ao longo do tempo, observou-se diminuição do fator 1 - "falta de competência" entre a simulação 1 e 5 (p=0,0329), diminuição do fator 2 - "contato com o sofrimento" entre a simulação 1 e 3 (p=0,0279), diminuição do fator 3 - "relação com tutores e companheiros entre a simulação 1 e 3 (p=0,0135) e diminuição do fator 7 - "ser magoado na relação com o doente" entre a simulação 1 e 5 (p=0,0110). A autoconfiança aumentou entre a primeira e quinta simulação (p<0,05). O debriefing contribuiu para o desenvolvimento psicossocial (média=3,77), cognitivo (média=4,23) e afetivo (média=3,71) do estudante. Foi identificada a satisfação dos estudantes em relação a proposta pedagógica e a simulação de alta fidelidade. O resultado demonstrou que o ensino baseado em simulação promoveu o controle do estresse, a autoconfiança, o pensamento reflexivo por meio do debriefing e a satisfação dos estudantes de enfermagem com o seu aprendizado. A participação dos estudantes nesta proposta pedagógica e sua imersão na simulação de alta fidelidade contribuiu para a aquisição de autoconfiança e para o desenvolvimento cognitivo, e portanto, para o desenvolvimento de competências clínicas.
Simulation-based teaching has been used as a gold-standard pedagogical method in training health professionals in order to prepare them for ethical and safe care. The objective was to evaluate the contribution of teaching based on high fidelity simulation to the development of clinical competences by the nursing student. It is a longitudinal and quantitative intervention study that used as a theoretical model the "Nursing Education Simulation Theory". Thirty-five nursing students from the Federal University of Paraná enrolled in the sixth period between July 2015 and June 2016 participated.

The educational proposal was divided into three blocks of activities:

theoretical foundation, learning stations with high fidelity simulation and debriefing. Five simulations were carried out with increasing level of complexity with situations dealing with cardiovascular, respiratory and neurological emergency care.

The instruments used for data collection were:

stress assessment, self-confidence scale, evaluation of the debriefing associated with the simulation, and satisfaction scale with the simulated clinical experiences. The data were analyzed through descriptive and inferential statistics, and a linear model of mixed effects was used. Among the participants, the predominance was female (90.6%), aged between 22 and 24 years (45.7%). When analyzing the stress score obtained before and after each of the five simulations, there was an increase in stress related to factor 2 - "contact with suffering" after simulation 1 (p = 0.0041) and after simulation 2 ( p = 0.0479); increase in the stress level conferred to factor 3 - "relationship with tutors and partners" after simulation 1 (p = 0.0046); increased stress associated with factor 5 - "not controlling the relationship with the patient" after simulation 3 (p = 0.0439); increased stress associated with factor 6 - "emotional involvement" after simulation 3 (p = 0.0454); increased stress related to factor 7 - "being hurt in relation to the patient" after simulation 1 (p = 0.0304) and increased stress attributed to factor 8 - "overload" after simulation 3 (p = 0.0282 ). As for the stress score over time, there was a decrease of factor 1 - "lack of competence" between simulation 1 and 5 (p = 0.0329), decrease of factor 2 - "contact with suffering" between simulation 1 and 3 (p = 0.0279), decrease of factor 3 - "relationship with tutors and partners between simulation 1 and 3 (p = 0.0135) and decrease of factor 7 -" being hurt in relation to the patient" between simulation 1 and 5 (p=0,0110). Self-confidence increased between the first and fifth simulation (p <0.05). The debriefing contributed to the student's psychosocial (average = 3.77), cognitive (average = 4.23) and affective (average = 3.71) development. Student satisfaction was identified in relation to the pedagogical proposal and high fidelity simulation. The result showed that simulation-based teaching promoted stress control, self-confidence, reflective thinking through debriefing, and the satisfaction of nursing students with their learning. The participation of the students in this pedagogical proposal and their immersion in the high fidelity simulation contributed to the acquisition of self-confidence and to the cognitive development, and therefore, to the development of clinical competences.
Se ha utilizado la enseñanza basada en la simulación como método pedagógico estándar de oro en la formación de los profesionales de la salud a fin de prepararlos para un cuidado ético y seguro. El objetivo fue evaluar la contribución de la enseñanza basada en simulación de alta fidelidad para el desarrollo de competencias clínicas según estudiantes de enfermería. Estudio cuantitativo y de intervención longitudinal que utilizó como modelo teórico el "Nursing Education Simulation Theory". Participaron 35 estudiantes de la carrera de enfermería de la Universidad Federal do Paraná, inscriptos en el sexto período entre julio 2015 y junio 2016.

La propuesta educativa fue dividida en tres bloques de actividades:

fundamentación teórica, estaciones de aprendizajes con simulación de alta fidelidad y debriefing. Se realizaron cinco simulaciones con un nivel creciente de complejidad, con situaciones que versan sobre la atención de emergencia cardiovascular, respiratoria y neurológica.

Los instrumentos para la recolección de datos utilizados fueron:

evaluación del estrés y escala de autoconfianza con las experiencias clínicas simuladas. Los datos fueron analizados a través de estadística descriptiva e inferencial, y se utilizó un modelo lineal de efectos mixtos. Entre los participantes, hubo el predominio del sexo femenino (90,6%), con edad de 22 a 24 años (45,7%). Al analizar la puntuación de estrés obtenido antes y después de cada una de las cinco simulaciones, se observó aumento del estrés relacionado con el factor 2 - "contacto con el sufrimiento" tras la simulación 1 (p=0,0041) y la simulación 2 (p=0,0479); aumento del nivel de estrés conferido al factor 3 - "relación con tutores y compañeros" tras la simulación 1 (p=0,0046); aumento del estrés asociado as factor 5 - "no controlar la relación con el paciente" tras la simulación 3 (p=0,0439); aumento del estrés conectado al factor 6 - "implicación emocional" tras la simulación 3 (p=0,0454); aumento del estrés relacionado con el factor 7 - "ser herido en la relación con el enfermo" tras la simulación 1 (p=0,0304) y aumento del estrés atribuido al factor 8 - "sobrecarga" tras la simulación 3 (p=0,0282). En cuanto a la puntuación de estrés a lo largo del tiempo, se observó disminución del factor 1 - "falta de competencia" entre la simulación 1 y 5 (p=0,0329); disminución del factor 2 - "contacto con el sufrimiento" entre la simulación 1 y 3 (p=0,0279); disminución del factor 3 - "relación con tutores y compañeros entre la simulación 1 y 3 (0,0135) y disminución del factor 7 - "ser herido en la relación con el enfermo" entre la simulación 1 y 5 (p=0,0110). La autoconfianza aumentó entre la primera y quinta simulación (p<0,05). El debriefing contribuyó para el desarrollo psicosocial (promedio=3,77), cognitivo (promedio=4,23) y afectivo (promedio=3,71) del estudiante. Se identificó la satisfacción de los estudiantes en relación a la propuesta pedagógica y la simulación de alta fidelidad. El resultado demostró que la enseñanza basa en simulación promovió el control del estrés, la autoconfianza, el pensamiento reflexivo por medio del debriefing y la satisfacción de los estudiantes de enfermería con su aprendizaje. La participación de los estudiantes en esta propuesta pedagógica y su inmersión en la simulación de alta fidelidad contribuyó a la adquisición de autoconfianza y al desarrollo cognitivo, y por lo tanto al desarrollo de competencias clínicas.