Doença crônica e ações de cuidado do familiar: subsídios para a enfermagem
Publication year: 2011
Os objetivos desta pesquisa foram identificar as ações de cuidados que os familiares de doentes crônicos executam para si, relacioná-las ao seu perfil, ao conhecimento dos fatores de risco e aos sentimentos em relação à doença crônica, e verificar a noção de risco de adoecimento destes familiares. A pesquisa é de natureza quantitativa descritiva e foi desenvolvida no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, localizado no município de Curitiba. A amostra foi composta por 98 familiares adultos de pacientes internados que possuíssem como um dos diagnósticos de internação a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
Foram entrevistados mediante formulário de entrevista composto por três partes:
a primeira, para identificar os participantes; a segunda, para avaliar seu conhecimento sobre a HAS e sentimentos em relação à doença; e a terceira, visava caracterizar os seus hábitos. As entrevistas foram realizadas no período de março a maio de 2011.Para avaliação da existência ou não de associação entre variáveis qualitativas, foram realizados os testes de Qui-Quadrado e o teste exato de Fisher. Os resultados mostraram que 75% dos familiares encontravam-se na faixa etária acima dos 30 anos, 67% eram do sexo feminino e 54% eram parentes de primeiro grau do internado. A percepção de risco de desenvolver a HAS foi relatado por 51% dos familiares. O percentual de indivíduos que mudam de hábito no momento do diagnóstico do paciente foi estimado em 24% e o percentual de indivíduos que mudam de hábito no momento da sua hospitalização foi estimado em 11%. As modificações relatadas se referem a evitar o sal na comida, cuidar do peso e evitar frituras. Entre os hábitos que não sofreram muito impacto, encontra-se a prática de exercícios físicos. Os motivos pelos quais os 72% dos entrevistados não mudaram os seus hábitos, mesmo após o diagnóstico de HAS de um membro da família ou sua internação, encontram-se: um estilo de vida saudável (53%); não faria diferença se mudassem de hábitos (31%); não saber que o seu familiar-paciente tinha HAS (11%); não conseguiram mudar seus hábitos (11%); não se importam em ter a mesma doença (11%); entre outros. Conclui-se que existe associação (valores de p < 0,05) entre mudança de hábito por ocasião do diagnóstico de hipertensão do parente e o gênero feminino, maior escolaridade e nível de renda. Além disso, os sentimentos de preocupação, medo, não aceitação e tristeza mostraram-se associados à mudança de hábito quando do internamento do doente. Sugere-se que os enfermeiros abordem as famílias que convivem com alguma doença crônica no ensino, na pesquisa e na assistência, e que orientem as famílias em relação aos riscos que estão expostas, estimulem a mudança de hábito e capacitem os indivíduos para melhorar e controlar a saúde.
The objectives of this research were to identify the care actions that chronically ill patient's families make on themselves, associate them to their profile, to the knowledge of the risk factors and to feelings toward the chronic disease, and to verify the awareness of illness risks to these families. The research is of a descriptive quantitative nature and was developed at Parana's Federal University hospital Hospital de Clinicas, located in the city of Curitiba. The sample was composed of 98 adult familiy members of hospitalized patients that had, as one of the hospitalization diagnosis, the Systemic Arterial Hypertension (SAH).